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Restrospectiva 2025: Arraial do Pavulagem tem ano de retornos e novas realizações

Nos Arrastões de junho, os quatro cortejos da manifestação popular atraíram mais de 140 mil pessoas às ruas de Belém

O Liberal

O Arraial do Pavulagem vivenciou um período de expansão e fortalecimento em 2025. Para Júnior Soares, músico e cofundador do grupo, 2025 representa a maturidade do Arraial do Pavulagem. "A gente sempre acreditou na força da nossa cultura como algo vivo, que se transforma sem perder a raiz. O que vivemos esse ano é fruto de um trabalho construído ao longo de muitos anos. O Arraial transmite as tradições, forma pessoas e dialoga com outros mundos, sem deixar de ser o que sempre foi: um espaço de encontro, de aprendizado e de alegria coletiva", declarou Soares.

Arrastões de junho com recorde de público

Nos Arrastões de junho, os quatro cortejos da manifestação popular atraíram mais de 140 mil pessoas às ruas de Belém, que seguiram o Batalhão da Estrela. Este último contou com a participação de aproximadamente 1.200 brincantes e mais de 20 grupos culturais e artistas convidados.

A programação gratuita somou mais de 100 horas de atividades, incluindo oficinas, ensaios, vivências, rodas de boi, oralidades e os próprios arrastões. Tal dimensão reafirma o Arraial do Pavulagem como uma escola popular a céu aberto, onde a cultura é experimentada de forma prática e coletiva.

Retomada do Cordão do Peixe-Boi

Um ponto alto de 2025 foi o retorno do Cordão do Peixe-Boi, que estava ausente das ruas há mais de uma década. A reintegração do cortejo mobilizou cerca de 20 mil pessoas e representou não apenas um resgate, mas também a capacidade do Arraial de gerenciar iniciativas complexas, mantendo o elo com sua base comunitária.

Esse retorno foi viabilizado pelo fortalecimento interno do grupo, que se mostra mais apto a preservar tradições, formar novas gerações e assegurar a perenidade de seus projetos.

Cultura popular e transformação social

Em 2025, o Arraial consolidou sua posição como referência na cultura popular amazônica e como vetor de transformação social. Iniciativas de cidadania, projetos para direitos da criança e do adolescente e a expansão do Espaço + Inclusão ilustram que o crescimento do grupo vai além do número de participantes, abrangendo aspectos como acesso, cuidado e pertencimento.

A sustentabilidade também se tornou uma prática rotineira. Em colaboração com a Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis (Concaves), o Arraial do Pavulagem implementou coleta seletiva durante os Arrastões, alinhando a festividade à responsabilidade ambiental, fortalecendo o trabalho dos catadores e conectando cultura popular com a preservação urbana e a geração de renda.

Cordão do Galo já projeta 2026

O Cordão do Galo já antecipa as atividades de 2026. Após um evento de lançamento em Belém em 18 de dezembro, o projeto segue para o Marajó na primeira semana de janeiro. A programação inicia em 5 de janeiro e culmina com um cortejo em Cachoeira do Arari (Marajó) em 11 de janeiro. Esta é a 18ª edição da iniciativa, que visa promover a inclusão sociocultural de crianças e adolescentes da região.

As atividades programadas incluem:

  • Acolhimento das famílias;
  • Ensaios;
  • Plantio de mudas e entrega de arrecadações às famílias participantes;
  • Oficinas de canto, dança, percussão, perna de pau e metais;
  • Atividades de sustentabilidade e lúdicas de ancestralidade e pertencimento.

O Cordão do Galo, um folguedo popular tradicional desde 2008 em Cachoeira do Arari, é realizado pelo Instituto Arraial do Pavulagem. Seu objetivo é fomentar saberes locais, valorizando a cultura popular como ferramenta de transformação social.

Direcionado ao público infantojuvenil, o projeto oferece oficinas culturais, pedagogia sustentável, economia criativa e apresentações coletivas, além do cortejo final. A iniciativa também serve como ação de salvaguarda da Festividade do Glorioso São Sebastião, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Ronaldo Silva, músico, cofundador e presidente do Instituto Arraial do Pavulagem, enfatiza o caráter formativo do projeto e sua conexão com o município. "Com o Cordão do Galo, criamos oportunidades para que novas gerações descubram um universo cultural rico e transformador. É uma forma de valorizar o legado do padre Giovanni Gallo e integrar as celebrações dedicadas ao Glorioso São Sebastião", declarou.