MENU

BUSCA

Relembre como foi o show de Jards Macalé em Belém

Produtores culturais em Belém lamentam a perda do artista Jards Macalé aos 82 anos

Eduardo Rocha

"É como perder um herói". Assim reagiu o jornalista e produtor cultural Marcelo Damaso ao receber a notícia de que o cantor e compositor Jards Macalé morreu nesta terça-feira (17) no Rio de Janeiro, aos 82 anos de idade. Macalé sofreu uma parada cardíaca. Ele estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio, para tratamento de um enfisema pulmonar. O último show em Belém ocorreu em 2024, no Festival Se Rasgum, coordenado por Marcelo Damaso.

No Festival Se Rasgum de 2024, como relembra Damaso, estava programado um show com o cantor e compositor Tom Zé. "Mas, ele não pôde vir, e, então, como Macalé era um parceiro de longa data, Damaso não pensou duas vezes para convidá-lo ao festival. Foi o quarto show dele, e, dessa vez, no formato voz e violão. Fez uma entrevista maravilhosa com o Ismael (jornalista Ismael Machado). Recebeu a galera.. "Macalé estava um pouco gripado, mas foi aquele show lindo, com emoção. Ele queria fazer muito mais, mas como era horário de festival, não dava. Mas, enfim, foi um belo adeus", conta o produtor cultural. 

Jards Macalé era sempre uma referência muito grande, "não só como artista, mas como história da música brasileira". "Na minha opinião, era o maior de todos, sempre foi o maior de todos. Era um cara que tinha um humor parecido com o nosso, e um mau humor parecido, também. Em muitas coisas, eu me identifico muito com ele. Não à toa, nós fizemos quatro shows do Macalé, três em Belém e um durante a pandemia (da Covid-19)", pontuou Damaso. 

O produtor cultural lembrou de houve uma história curiosa com Macalé em Belém. Em 2013, quando ele teve sua primeira vez no Se Rasgum, "ele ficou muito feliz porque é a terra em que a mãe dele nasceu, a mãe de Jards Macalé é de Belém".

"Tivemos o privilégio de conviver com esse cara. Ele, quando veio para Belém ficou muitos dias na cidade. Era no nosso carro que ele andava, a gente ia almoçar com ele, a gente batia papo, ria com ele. Para mim, foi um baque muito grande. É perder um herói mesmo, sabe? Na verdade, não é perder. Ele sempre vai ser esse herói", declara, emocionado, Marcelo Damaso. 

Vapor Barato

Outra pessoa que lamentou a morte de Jards Macalé é o cineasta e jornalista Ismael Machado. Ele conta que "Vapor Barato" é uma das músicas que o definem e deu título ao primeiro livro que lançou. Entre encontros com a música e apresentações de Macalé, Ismael recordou: "Uma tarde, já em Belém, Damaso me pergunta se posso mediar um bate-papo com Jards Macalé. O pagamento seria um par de ingressos para o show da noite. Dele. Claro. Foi uma tarde agradável, com o gênio iracundo se mostrando tranquilo, sereno, bem-humorado". 

"Falamos de futebol, de sociologias baratas, pensamentos pirateados e de canções. Das formas de tocar violão que Jards trazia, aquela coisa blues, samba, lamento, além das bossas, das modas, do sangue escorrendo nas paredes. Transas mil. Sim, fizemos fotos. E dessa vez agradeci. Agradecerei até o fim. O meu, enquanto finito. Enquanto pessoa que viveu aquelas canções", Ismael Machado, sempre emocionado com a poética sonora de Jards Macalé.