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Projeto Circular ganha as ruas dos bairros históricos de Belém e atrai grande público

Artes plásticas, música, teatro, dança, gastronomia, oficinas e palestras foram oferecidos na Campina, Cidade Velha e Reduto

Enize Vidigal

A 27ª edição do Projeto Circular atraiu grande público aos espaços de ocupação e resistência cultural dos bairros da Cidade Velha, Campina e Reduto, neste domingo (4).

No Mercado do Sal, artistas visuais, atores de teatro e músicos participaram da programação organizada pelo coletivo Aparelho Arte & Cidadania, que também ofereceu oficinas gratuitas de colagem e educação ambiental.

Já no Espaço Cultural Valmir Bispo, teve mostra de teatro, exposição e venda de artesanato, telas e fotografias, palestra e pintura corporal com indígenas das etnias Maruanás, do Marajó, e Ticuna, do Amazonas, além de pratos exclusivos da gastronomia paraense.

A todo, o projeto Circular ofereceu cerca de 50 espaços e ações nessa edição, entre galerias, restaurantes, museus, porões e coletivos, mas também residências que abrem as portas como espaços culturais, numa programação variada e voltada ao bem-estar, sustentabilidade e valorização do patrimônio material e imaterial relacionado à arte, música, alimentação saudável e passeios pela história de Belém.

Mergulho cultural na cidade

No Mercado do Sal, na Cidade Velha, o artista Raimundo Calandrino encantou o público com uma série de pinturas em aquarela sobre o tema ribeirinho, enquanto o DJ Leno e o grupo musical Mercado do Choro se revezavam na ambientação. 

"Essa é a minha primeira participação no Circular. Estou gostando muito. As pessoas vêm conversar, conhecer o trabalho. É uma energia bem forte", disse ele, que também é escultor.

"O Aparelho é um coletivo de artistas que há quatro anos ocupa esse espaço com exposições e oficinas para a comunidade, além de ter criado uma biblioteca e serviço de wi fi gratuito durante a semana, no local, conforme explica Elaine Arruda, integrante do coletivo.

"Eu visitei o Casarão do Boneco, onde teve contação de história, e vim para o Mercado do Sal. É uma oportunidade maravilhosa de ocupação dos espaços onde se desenvolve arte porque não há política pública para isso. São espaços autônomos, geridos pelos próprios artistas", disse a artista Carmem Virgolino.

A pequena Ana Sofia Mendes, de 8 anos, veio com a família da Estrada da Ceasa para circular no centro histórico. Ela ganhou uma muda de jambeiro, que aprendeu a cuidar na oficina realizada no Mercado do sal. "Eu gosto de plantas. Moro perto da floresta. A gente veio passear. Aprendi que as minhocas são inofensivas", contou. A programação no local contou ainda com uma roda de carimbó.

Já na Campina, a artista Flávia Hunter visitou primeiro o Espaço 310, onde assistiu a uma apresentação de sax e baixo, e depois foi assistir à palestra do historiador Aldrin Moura, no Espaço Cultural Valmir Bispo. "Eu adorei e pude conversar com uma indígena, que me contou a história do povo dela, no Marajó", contou.

Carla Bethânia Silva, da etnia Maruanás, de Soure, estava no Espaço Valmir Bispo para falar sobre a comunidade Cajuúna, de onde a mãe dela é originária, numa ação de divulgação e resistência: "Dizem que não tem índios no Marajó. Nosso povo vive da caça e da pesca. Precisamos ser reconhecidos, mas só reconhecem ribeirinhos e quilombolas (na ilha). Nós trazemos dos nossos antepassados essa cultura, da música, da pintura e do artesanato".

Ainda, nesse espaço, a Toró Gastronomia Sustentável atraiu grande público com a oferta do prato exclusivo de filhote e acompanhamentos feitos à base da mandioca, como tucupi amarelo, tucupi preto, farinha d'água, goma e o próprio tubérculo. "Só usamos ingredientes da Amazônia e de produtores locais", explica o casal de chefs Susane e Wagner Vieira. "O Circular é uma oportunidade de visibilidade aos pequenos empreendimentos e fomenta programações culturais", elogia Susane.

Além disso, houve demonstração da peça teatral "Do Outro Lado", exposição de fotografias do coletivo Manas e de telas dos artistas plásticos Artur Dias e Marília Melo, com técnica em desenho, massa acrílica, tinta acrílica e óleo, além da pintura com café. "Participo do Circular desde o início. O projeto atrai um bom público e ajuda a divulgar a nossa arte", afirma Marília.