Poeta Vasco Cavalcante celebra o encontro com a poesia no livro ‘O Eixo Ausente’
Lançamento da obra será nesta quarta (10), às 20h, no Núcleo de Conexões Na Figueiredo, em Belém, com programação literária
Uma palavra traz por si só significados diversos e, quando se encontra com uma outra, aí mesmo é que as imagens ganham vida. Imagens que traduzem, sugerem e criam outras por meio de versos que não se cansam de contar histórias. O poeta mostra-se, então, como o artesão que tem na poesia que encontra no mundo, na vida, seu ponto de partida e seu ponto de chegada até um outro voo literário. Quando era criança, o poeta paraense Vasco Cavalcante, 69 anos, ouvia histórias e, agora, lança nesta quarta-feira (10) seu livro “O Eixo Ausente”. Dos tempos de menino até esta nova obra, a poesia e Vasco se encontraram por várias vezes.
“Tive em minha vida uma pessoa que pode ter sido quem me iniciou nesse envolvimento com a literatura. Era uma contadora de histórias que apesar de não saber ler nem escrever conhecia histórias lindas e as contava e interpretava com gestos, os personagens. Quando cresci e ela parou de me contar essas histórias fui buscar nos livros toda a emoção que eu sentia ao escutá-la. Era conhecida com o pseudônimo de Silóia, e passou grande parte de sua vida morando com a minha família”, conta o poeta.
Ele não sabe dizer ao certo quantos anos tem de carreira literária. “Escrevo desde muito jovem, mas não publiquei muitos livros”, pontua. Antes de “O Eixo Ausente’, Vasco reúne três livros autorais lançados: “Sob Silêncio” (Ed. Patuá, 2015), “Reverso dos dias” (Ed. Patuá, 2017) e “Labirintos da Palavra” (AMO! Editora, 2023).
A relação dos poetas com a poesia nossa de todo dia é algo multifacetado, desafiador. Com Vasco Cavalcante, não é diferente. O título do livro “O Eixo Ausente” já é provocativo por natureza. Eixo significa algo estruturado, conhecido, sedimentado, certo ou “todo certinho”. Eixo ausente remete o leitor desse encontro de palavras a sair da caixa, quebrar paradigmas, sair da zona de conforto ou, mas diretamente, cair no mundo.
Essa ousadia de Vasco Cavalcante com as palavras, na construção de versos, vem à tona em 45 poemas no livro novo. Poemas esses que começaram a ser escritos após os lançamentos do livro “Reverso dos dias”, em 2017.
“Os poemas dos meus livros tratam de um olhar que tenho sobre a vida, sobre cada detalhe do que vejo, sinto e reaprendo por meio de uma reflexão em um novo tempo de viver cada momento, cada dia. Quando escrevo tento expressar esses sentimentos que me envolvem nesse pensar/sentir a vida”, revela Vasco. Ele acrescenta a partir dos versos: “Enquanto vasto o universo / minhas asas / um pergaminho.”
Maior momento
A poesia de Vasco Cavalcante é contemporânea, poesia concreta. Nos moldes da obra do guru de muitos poetas: Max Martins. Ou seja, cada palavra, verso e disposição no papel, tudo gera imagens. Imagens para o autor e para os leitores que podem convergir ou tangenciar-se, sem se anular.
“Escrever e ler poesia para mim é o meu maior momento nessa vida. Tenho uma imensa paixão por absorção de arte em geral. A escrita é o meu devir (vir a ser). Escrevo sem uma rotina específica, o poema geralmente surge de uma reflexão, uma visão casual, uma imagem, um sentir, uma palavra... Depois que ele começa a nascer ele vai se transformando, ganhando corpo e se reconstruindo. O poema para mim em geral só acaba quando é publicado em um livro”, novamente se revela o poeta.
Vir a ser poeta, vir a ser imagem em verso. Vir a perceber a poesia - um desafio para todos, então. “A poesia pode estar em tudo. O poeta a encontra em um detalhe em algum momento, e aí começa o processo de escrita sem um tempo definido. Pelo menos eu a sinto assim”, confessa Vasco.
Em um mundo agitado, com muita gente apressada, focada mais em frivolidades nas redes sociais deixando de lado a poesia da arte, da vida, parece que tudo está perdido para quem gosta de ler, escrever e de ouvir e contar histórias. Mas, como explica Vasco Cavalcante, não é bem assim, o jogo ainda não terminou.
“Ao poeta a poesia sempre se faz presente de alguma forma. Não importa tanto o que está em volta e, sim, como ele percebe, sente e se expressa sobre o mundo ao seu redor”, ressalta Vasco.
Ele foi um dos fundadores do grupo literário “Fundo de Gaveta” que fez nome nos anos 1980. “O grupo ‘Fundo de Gaveta’ esteve na ativa entre os anos de 1981 e 1983. Integravam o grupo: Celso Eluan, Jorge Eiró, Irú Bezerra, Vasco Cavalcante, William Silva e Zé Minino. Era um projeto alternativo em que criávamos envelopes poéticos bem trabalhados graficamente e os lançávamos publicamente em um tempo que era muito difícil e caro publicar livros”, conta Vasco.
Na sequência de anos e poemas, chega a hora do lançamento de “O Eixo Ausente”. Será no Núcleo de Conexões Na Figueredo. “Vou fazer leituras de alguns poemas e falar sobre o meu processo de escrita e haverá um bate-papo com os que estiverem presentes no local”, adianta Vasco Cavalcante, sempre atento ao encontro possível com a poesia.
Serviço:
Lançamento do livro ‘O Eixo Ausente’, de Vasco Cavalcante
Dia 10 de dezembro de 2025, às 20h
No Núcleo de Conexões Na Figueiredo, na Av. Gentil Bittencourt, 449 - Nazaré, Belém - PA
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