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Penúltimo Arraial do Pavulagem preenche as ruas do centro de Belém com manifestações artísticas

Shows musicais embalaram os brincantes ao longo do trajeto que saiu do Theatro da Paz em direção à Praça dos Estivadores

João Paulo Jussara

O cortejo do Arrastão do Pavulagem coloriu mais uma vez as ruas no centro histórico de Belém. Neste domingo, 30, milhares de pessoas se reuniram em frente ao Theatro da Paz para o penúltimo arrastão deste ano. Junto ao boi e brincantes, o público seguiu até a Praça dos Estivadores, onde ocorreram os shows musicais do Arraial, com as bandas Arraial do Pavulagem, Na Cuíra Pra Dançar, Mestres do Boi Ouro Fino de Ourém, além dos artistas Jeff Moraes e Mário Mousinho.

O cantor Jeff Moraes, que se apresentou durante o cortejo e também no palco da Praça dos Estivadores, disse ter ficado lisonjeado em poder fazer parte da grande festa. "É uma festa que tem essa potência cultural do nosso estado, que é um verdadeiro caldeirão cultural, e o Pavulagem reúne tudo isso. É um festa que consegue transformar, pela segunda vez no ano, as ruas em rios de gente, algo que o Círio faz com muita potência, e o Arraial vem com música, traz o boi, o tambor, o colorido da nossa gente, e isso é essencial, é o que me faz seguir enquanto artista", destacou.

Diretamente de Recife, o consultor de sistemas Josinaldo Júnior veio para Belém para acompanhar, pela primeira vez, o cortejo do Arrastão do Pavulagem. "Eu vi as manifestações e resolvi passar aqui pra conhecer a cultura local", disse. "Lá em Recife nós temos uma tradição muito grande com o Carnaval e São João, e me identifiquei muito com a cultura local, porque me lembra muito o Carnaval de Olinda. Eventos culturais desse porte tendem a unir as pessoas de diversas classes, raças e culturas".

Já o estudante Sergio William, de 18 anos, é de Belém, mas também foi participar, pela primeira vez, do Arrastão do Pavulagem, neste domingo. "É uma coisa maior do que a gente", afirmou. Para o estudante, a festa é importante pois destaca a cultura paraense, que é muito rica e cheia de misturas. "É uma cultura muito linda, muito diversa e muito extensa. Essa experiência eu vou levar pro resto da minha vida". 

O Arrastão do Pavulagem, que teve o trajeto alterado este ano, terá mais um cortejo no próximo domingo, 7. Ronaldo Silva, um dos fundadores do Pavulagem, ressaltou que em 32 anos de história, o Arraial tornou-se uma escola sem paredes. "Acho que o Arraial, há 32 anos atrás, abriu um espaço de inclusão, compartilhamento de saberes, ofício e fazeres. A gente aprendeu a dar valor para o trabalho tradicional', explicou Ronaldo.

Ele destacou que o Arrastão do Pavulagem cumpre o papel de ser um protesto lúdico e apartidário, considerando o contexto em que a cultura deixou de ser prioridade na política brasileira, levando à dissolução do Ministério da Cultura, por exemplo. "É uma caminhada, um cortejo cultural. A cultura tem uma missão, de propor uma reflexão crítica da realidade, e isso pode ser feito de diversas maneiras", finalizou o fundador.