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Paraense Mateus Nunes se destaca como curador mais jovem e único nortista do MASP

Nascido em Belém do Pará, o jovem iniciou sua trajetória profissional com formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará (UFPA)

O Liberal

Mateus Nunes começa a marcar seu nome na história do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Atualmente o único nortista e o mais jovem curador da instituição, ele assina, ao lado de Adriano Pedrosa, a curadoria da exposição “André Taniki Yanomami: ser imagem”, que tem abertura marcada para 5 de dezembro de 2025, uma sexta-feira.

Aos 28 anos, Mateus Nunes celebra a conquista. Nascido em Belém do Pará, ele iniciou sua trajetória profissional com formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

Formação e ascensão no circuito de arte

Sua jornada o levou a um doutorado em História da Arte na Universidade de Lisboa, em Portugal. Os primeiros trabalhos no circuito de arte contemporânea envolveram a escrita de textos sobre exposições para revistas de crítica de arte.

Essas colaborações resultaram em convites para assinar textos de exposições, colaborar com galerias, desenvolver projetos, publicar livros e curar mostras no Brasil e no exterior. Em janeiro de 2025, Mateus Nunes foi convidado a integrar o time de curadores do MASP.

Ele destaca a importância da troca de experiências e perspectivas dentro de uma instituição como o MASP. "Considero as trocas de experiências e perspectivas com os profissionais dentro de uma instituição tão respeitada quanto o MASP um dos pontos mais positivos do meu posto. Isso incentiva a ampliação de formas de pensar e de escutas de agentes que reiteram a vastidão e a pluralidade do país em que vivemos", comenta.

O curador também ressalta o impacto de sua posição para a região. "Ao mesmo tempo, esse movimento, ainda que inicial, dignifica a história de uma parte gigante do país que ainda é pouco ouvida nas grandes instituições e, por isso, pouco representada. Estar nessa posição me deixa bastante esperançoso pelas inserções de muitas pessoas da região em instituições de referência", celebra Mateus Nunes.

Destaque com a exposição "André Taniki Yanomami: ser imagem"

Como curador assistente, Mateus Nunes é um dos responsáveis pela exposição “André Taniki Yanomami: ser imagem”. A mostra reúne 121 desenhos produzidos entre 1976 e 1978 por André Taniki Yanomami, artista-xamã da Terra Indígena Yanomami, localizada em Roraima.

O título da exposição, “ser imagem”, tem origem na expressão yanomami “në utupë”, que significa o núcleo vital de cada ser. A exibição estará aberta ao público entre 5 de dezembro de 2025 e 5 de abril de 2026, no MASP.

Sobre a mostra, Mateus Nunes expressa sua satisfação: "Estou muito feliz com a exposição por diversos motivos, mas principalmente por honrar a obra artística de Taniki, certamente um dos maiores artistas cujo trabalho tive a sorte de trabalhar, e por evidenciar as diversas formas de se pensar e viver no Norte do Brasil", observa.

Projetos de alcance internacional

Além do trabalho no MASP, Mateus Nunes mantém outros projetos de relevância em cartaz. Um deles é a exposição “Amazônia Açu”, na Americas Society, em Nova York. Ele colaborou com mais oito curadores, cada um representando um país da Amazônia.

A exposição tem como objetivo apresentar a Amazônia como um organismo transnacional, que transcende as fronteiras nacionais e é frequentemente associada apenas ao Brasil. A mostra exibe trabalhos de artistas de diversas nações da Amazônia, incluindo:

  • Equador
  • Colômbia
  • Venezuela
  • Guiana
  • Guiana Francesa
  • Suriname
  • Peru

Ainda em Nova York, Mateus Nunes realizou exposições individuais de importantes artistas brasileiros no cenário global. Entre elas, destacam-se a de Lucas Arruda, na galeria David Zwirner, e as de Paulo Nimer Pjota e Paula Siebra, ambas na Mendes Wood DM.

No âmbito acadêmico, o curador tem participado de simpósios nos Estados Unidos, apresentando pesquisas sobre arte na Amazônia. Ele esteve presente na New York University (NYU), na Columbia University e no Institute for Studies on Latin American Art (ISLAA).

Mateus Nunes também mantém ativa sua prática de escrita crítica sobre exposições visitadas no Brasil e no exterior. Seus textos são publicados em revistas internacionais especializadas em crítica de arte, como Artforum, ArtReview, Flash Art, Frieze e Mousse. Atualmente, ele é professor visitante na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), onde realizou um de seus pós-doutorados.