Todo mundo gosta de ouvir ou contar histórias, e existem lugares nas cidades que contribuem para que fatos e curiosidades sobre a vida de povos sejam compartilhados de forma a manter a história e cultura de populações. Esses lugares são os museus, nos quais esse acesso a aspectos fundamentais de civilizações é viabilizado por meio de objetos, documentos, vídeos e gravações sonoras, por exemplo. Assim, a identidade de povos pode ser transmitida a gerações, não como algo antigo, velho, mas como alicerce para novos voos em busca do bem comum. Por isso, a jovem Andreza Alves, 29 anos, jornalista, mestra em Comunicação pela Universidade do Minho (Braga - Portugal) e estudante de Psicologia, celebra neste domingo (18), o Dia Internacional dos Museus. Até porque, Andreza não deixa de conferir as fontes de conhecimento nessas instituições, comparecendo regularmente a museus em Belém.
“Gosto de ir aos museus pelo menos uma vez por trimestre, é um tempo razoável para ter uma exposição nova. As oportunidades como a ‘Terça da Gratuidade’ e, agora, os domingos gratuitos, fizeram com que a frequência das minhas visitas aumentasse. Também valorizo muito o projeto ‘Uma Noite no Museu’ (da Secult), pois oferece a oportunidade de pessoas que não têm tempo no dia a dia visitarem esses espaços”, afirma Andreza.
Ela conta que sempre gostou muito de tudo relacionado à cultura, artes, elementos arquitetônicos e exposições multimídia, o que a motivou a buscar os museus rotineiramente. Para Andreza, uma exposição bem organizada sempre traz novos saberes e apresenta novos artistas. “Reconheço que alguns espaços de Belém necessitam de melhorias, mas temos a vantagem de que vários deles ficam no centro histórico da cidade: o Museu do Estado do Pará fica ao lado do Museu de Arte de Belém. Logo próximo, temos o Museu do Círio, o de Arte Sacra e o Forte do Presépio”, pontua.
As idas de Andreza aos museus em Belém não são de hoje. Ela revela que desenvolveu uma paixão, principalmente por História da Arte desde pelo menos 2018. “Então, sempre que sei que tem uma exposição nova, alguma novidade nos museus, vou!”, relata.
A jovem ressalta que ganha muito conhecimento ao frequentar museus e “tem a chance de ficar mais perto das histórias que permeiam cada exposição e cada novidade que os museus apresentam”. Lembra que certa vez foi ao Museu da Navegação, no Mangal das Garças, e estavam lá um professor de História com alunos do Ensino Fundamental II. “Pude, então, adquirir ainda mais conhecimento a partir da visita guiada do grupo”, conta.
A jovem costuma ir sozinha ou na companhia de amigos aos museus. “Gosto muito de ir com amigos que apreciam esse tipo de passeio, e também de levar amigos turistas que estão conhecendo a cidade. É uma oportunidade para eles conhecerem mais sobre a cultura paraense e amazônica”, acrescenta. Eles chegam a ir em até três museus próximos, em um mesmo giro, como o Museu do Estado do Pará, do Museu de Arte de Belém e do Museu de Arte Sacra, no centro histórico de Belém. O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), o mais antigo no Pará, é outro espaço sempre buscado pela jovem. Sobre as idas a esses espaços, Andreza diz: “Me sinto mais sábia, mais satisfeita e com a visão de mundo ampliada”.
Para Andreza Alves, “um museu é um espaço que reflete, muitas vezes, o passado, o presente e como devemos enxergar o nosso futuro”. “Quando temos contato com uma exposição de saberes indígenas ou de comunidades tradicionais, entendemos suas realidades a partir de suas próprias visões e não por meio de estigmas ou ideias pré-concebidas. Por isso, considero que seja um espaço onde sempre é possível aprender algo novo”, completa.
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O território paraense tem uma tradição histórica em museus. E no Pará, a missão de dinamizar a gestão dos espaços estaduais está a cargo do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), cujo diretor é Armando Sobral.
Para Sobral, um museu deve cumprir a sua missão primordial que é de preservar, difundir e transmitir a cultura e a memória de uma sociedade. "É um lugar de conhecimento e transmissão de valores que fortalecem os vínculos de identidade do sujeito com a sua própria cultura. Entendo que um museu é um lugar de convivência, de partilha, de sensibilidade, de compartilhamento de visões e de conhecimento", ressalta.
O museu, então, "educa e desperta a consciência crítica do sujeito, por meio do acesso a bens artísticos e artefatos produzidos pela civilização ao longo da sua existência". "Enquanto instituição, impulsiona o desenvolvimento humano e social e fortalece a cadeia produtiva da economia criativa. O museu é um lugar de acolhimento do cidadão que corre em busca da compreensão da sua história. É o elo de existência entre o sujeito e o seu próprio território. Para a sociedade contemporânea, que perde aos poucos sua própria noção de lugar, é no museu que reencontrará seu sentido de pertencimento", enfatiza Sobral.
Somente em 2024, o SIMM atendeu cerca de 400 mil visitantes em suas unidades (museus). O diretor do Sistema, Armando Sobral, observa que o maior desafio relacionado ao funcionamento de um museu é de ordem financeira. "Muitos museus são criados, mas a ausência de investimentos em manutenção e modernização de suas estruturas levam essas instituições à inação e descontinuidade de suas atividades", diz.
O Museu do Marajó, como salienta Sobral, ficou fechado por um tempo até ser revitalizado pela atual gestão estadual. O outro desafio, como pontua ele, é os museus terem uma gestão autossustentável, ter autonomia e viabilizar seus próprios projetos. As tecnologias contribuem com novas maneiras de usufruir e acessar os acervos nos museus. “Mas, devemos tomar cuidado com uma ideia muito recorrente em torno da espetacularização da cultura visual como experiência eminente sensorial e alienadora. O contato direto à fonte primária, que é objeto cultural, é insubstituível", finaliza Sobral.
Museus e Memoriais do Estado:
- Museu de Arte Sacra
- Museu de Gemas - Espaço São José Liberto
- Sala Guamiaba - Forte do Presépio
- Museu da Imagem e do Som
- Centro Cultural Palacete Faciola
- Memorial Verônica Tembé - Parque do Utinga
- Museu Amazônico da Navegação - Mangal das Garças
- Memorial do Porto e Arqueologia - Estação das Docas
- Memorial da Cabanagem
Horário de Funcionamento: Terça a quinta-feira: 9h às 14h
Sexta a domingo: 9h às 17h
- Espaço Cultural Onze Janelas
- Museu do Círio
- Museu do Estado do Pará
Horário de funcionamento: Terça a domingo: 9h às 17h
- Parque Cemitério Soledade
Horário de Funcionamento: Terça a quinta-feira: 9h às 14h
Sexta a domingo: 9h às 17h
O Museu do Marajó permanece fechado por motivo de reforma