Mostra de Cinema da Amazônia revela, em Belém desafios para preservação da vida nos biomas
Evento cultural com projeção de filmes e debates começará na próxima quinta (13) em quatro lugares de Belém
Quem está em Belém para 10ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a ser aberta nesta segunda-feira (10) e que terminará no dia 21, tem como opção cultural conferir documentários, ficções e animações brasileiras e internacionais em curta, média e longa metragens da 10ª Mostra de Cinema da Amazônia - Cinema como Ação Climática. Isso porque o evento aberto ao público começará nesta quinta-feira (13) e reúne trabalhos sobre urgências climáticas, crises ambientais, patrimônios culturais milenares e os desafios dos povos originários amazônicos e mundiais em defesa da natureza e do planeta. Nesse caso, a arte une-se de vez às vozes em prol da preservação da vida no planeta, o que envolve flora, fauna, rios e oceanos, e, em especial, pessoas de diversos pontos do mundo.
Para Eduardo Souza, cineasta e coordenador da Mostra, o cinema tem a capacidade de difundir ideias e comportamentos, e, assim, transformar o mundo. "Os filmes funcionam como veículos de denúncias, manifestos, revelações e de mudanças regionais, intercontinentais. Como dizem os indígenas amazônicos, a câmera é uma flecha. Sendo assim, o cinema é um mecanismo que pode ajudar, e muito, na solução de problemas e na criação de novas estratégias a favor do planeta, porque por meio da escuta podemos conhecer a realidade de quem cuida e depende diretamente da floresta e preservar os pvoos e a biodiversidade do planeta". enfatiza Eduardo.
A Mostra ocorrer durante a COP 30, como frisa Eduardo Souza, é um momento do cinema como ação climática. "Queremos propor ao mundo trocas e soluções ancestrais para problemas que afetam diversas comunidades tradicionais, especialmente os povos originários, guardiões da floresta e da natureza, e assim contribuir de fato com o diálogo global a favor do meio ambiente e das pessoas", arremata. Na Mostra, serão exibidos 46 curtas, 2 médias e 14 longas metragens ao longo dos nove dias do evento.
Na tela
A abertura oficial da Mostra vai contar com a apresentação do documentário "A Queda do Céu". Na exibição especial às 19h do dia 13, no ICA-UFPA, na Praça da República, o público vai contar com a presença de Davi Kopenawa (escritor e liderança Yanomami) e Ehuana Yanomami; de Eryk Rocha (diretor do filme) e da antropóloga Ana Maria Machado. A mediação será da antropóloga e jornalista paraense Helena Palmquist.
A Mostra prosseguirá até o dia 21, em quatro lugares de Belém: sessões no ICA-UFPA, MIS-PA, Cine Sesc Ver-o-Peso e Cine Líbero Luxardo, do Centur.
Ainda no dia 13, entre 16h e 18h, no MIS-PA, serão exibidos episódios da nova série "Arquivo Aberto", de Vincent Carelli. É um material inédito do projeto "Vídeo nas Aldeias", e a exibição terá a presença da arqueóloga e curadora Helena Lima (MPEG e Museu das Amazônias), dos cineastas indígenas Takumã Kuikuro (Coletivo Kuikuro de Cinema) e Kalutata Kuikuro (presidente da Aikax - Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu).
Após as sessões, sempre haverá debates e painéis com a presença de lideranças indígenas e do movimento negro, jornalistas, ativistas, advogados, pesquisadores e cineastas. A Mostra completa 20 anos de existência.
Na sexta-feira (14), às 18h30, no MIS-PA, Puyr Tembé se junta à equipe de direção do filme "Somos Guardiões", Edivan Guajajara, Chelsea Greene e Rob Grobman, para uma conversa sobre a luta dos povos indígenas da Amazônia Oriental e a importância dos defensores da floresta. No dia 18, às 19h, Txai Suruí, Neidinha Suruí e Almir Suruí falam após a exibição de "Minha Terra Estrangeira".
No dia 19, às 10h, no Cine Líbero Luxardo, o público recebe o cineasta amazonense Aurélio Michiles com "Segredos do Putumayo". Após a projeção do filme, será realizado um debate sobre ativismo transnacional e direitos humanos.
A cultura e o imaginário amazônico também compõem a programação, no dia 17, com os filmes "Boiuna", de Adriana de Faria e "Amazônia Groove", de Bruno Murtinho, com a participação do poeta e escritor João de Jesus Paes Loureiro. No dia 17, às 10h, no SESC Ver-o-Peso, será realizado um painel sobre cultura e sustentabilidade com o advogado Fábio Cesnik, especialista em leis de incentivo e economia criativa, e a produtora cultural Ana Paula Jones. No dia 18, no mesmo lugar, será a vez do painel "Muito Além do Lucro: Cultura e Sustentabilidade", com Denise Hills, presidente da Rede Brasil-Pacto Global, e o consultor em sustentabilidade empresarial Ricardo Voltolini.
No Cine Líbero Luxardo, dia 20, às 10h, será exibido o documentário "Yanuni", produzido por Leonardo Di Caprio e eleito como Melhor Documentário na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2025. A Mostra encerra dia 21, às 18h no SESC Ver-o-Peso, com o filme acreano "Noites Alienígenas", vencedor de seis prêmios no Festival de Gramado.
A 10ª Mostra de Cinema da Amazônia é uma realização do Instituto Cultural Amazônia Brasil e da produtora Mekaron Filmes em parceria com o Observatório do Clima, Museu Nacional dos Povos Indígenas, FUNAI, SESC Ver-o-Peso, Cine Líbero Luxardo, Fundação Cultural do Pará, Sommos Amazônia, Associação Raízes da Tradição e Festival AnimArte.
A programação completa pode ser acessada aqui:
Palavras-chave