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‘Mangueirosamente’ recebe a elegância e ousadia da moda amazônica com Lele Grello

Apresentador do videocast Ismaelino Pinto bate um papo com a estilista em programa que o público confere às 19h desta sexta (12) em OLiberal.com

Eduardo Rocha

No “Mangueirosamente’ desta sexta-feira (12), o público conhece um pouco da trajetória da estilista Maria de Nazaré Martins Grello, mais conhecida como Lele Grello. Em conversa com o apresentador do videocast, jornalista Ismaelino Pinto, Lele conta sobre como se tornou uma das pioneiras da moda na Amazônia, conquistando espaços importantes em Belém do Pará, como uma coluna de página inteira em O Liberal e ainda confeccionando o Manto de Nossa Senhora de Nazaré por duas ocasiões, em 2004 e em 2023, e lançando looks com temática indígena. O  “Mangueirosamente” poderá ser conferido a partir das 19h desta sexta (12) em OLiberal.com. 

Lele Grello conta que tudo começou com a afeição que ela nutria e nutre pelo mundo da  moda. Como na época não existia uma faculdade de moda, acabou migrando para a Arquitetura. E antes de concluir esse curso universitário, viajou para fora do Brasil, passando dois anos em Paris. “Nesse tempo lá, eu tive certeza de que queria migrar para a moda”, diz. Ela havia ido para a França a fim de aprender o idioma e também motivada para conhecer como a moda era feita “na fonte”. 

Nesse momento, Lele resolveu fazer um desfile, pegou uma costureira espanhola  e se esmerou na divulgação desse evento. A estilista conta que a inspiração para o desfile foi bem brasileira, focada na Bahia, com looks brancos e finos, com musseline, com renda e outros itens. Depois, ela fez o desfile em Lisboa e, então, retornou a Belém. Isso tudo ocorrendo no começo dos anos 1980.

Nessa volta à capital do Pará, não havia boutiques com logomarca e atelier de criação na cidade, e, então, ela, dominada pela vontade de inovar, ficou um bom tempo fazendo boutiques de forma isolada, pioneira. 

Lele ganhou o noticiário nacional com a conexão que fez, a Paris-Pará.  Essa estilista organizou mais de 100 desfiles ao longo da carreira na moda, e um marcou Lele foi o realizado no Theatro da Paz, casa simbólica da cultura amazônica, com o saudoso jornalista Edwaldo Martins, que atuou como diretor do Theatro e em O Liberal. 

Em seu trabalho de estilista, Lele inovou muito na concepção de looks sob medida, atenta para  informações específicas sobre o público,  como o local para onde a pessoa vai, o evento e o tipo físico da pessoa que vestirá a roupa. “A pessoa quer ficar linda e eu também tenho essa expectativa. Então, eu procuro fazer um modelo que vai combinar com ela, com o tipo físico dela, com o evento, com o horário”, detalha. Quando começou a fazer esse trabalho, o público em Belém foi bem receptivo. E lá se vão mais de 40 anos, ou seja, desde a metade dos anos 1980 até agora.  Como ressalta Lele, assim como São Paulo e outras cidades, na Europa, Belém tem o luxo de ter estilistas criando roupas sob medida (com exclusividade mesmo). Como profissional de destaque no ramo em que atua, ela se mantém conectada online com tudo o que acontece no universo da moda no planeta. E Lele nunca deixou de lado a arquiteta que existe  nela. “Quem gosta de arquitetura, gosta de maquiagem, gosta de cabelo, gosta de moda”, frisa.

Fazendo moda

A estilista lembra que teve uma página de moda publicada aos domingos em O Liberal. E a edição era concluída, muitas vezes, aos sábados à noite na redação do jornal, na época, no centro comercial de Belém. Isso em horas de trabalho, sem internet. “Aquilo era pura arte. Mas, foi uma época boa”, ressalta Lele. As pessoas compravam logo cedo exemplares para conferir os looks de Lele na página que durou 20 anos. 

Um outro momento na carreira de Lele Grello foi um projeto desenvolvido por ela e a artista plástica Carmem Uliana, o desfile de moda “Mundo Aräm” (Mundo Sol), nos anos 1990. As duas foram até uma tribo Kayapó, na aldeia Gorotire, no Município de Redenção, no sudeste do Pará, a fim de ver de perto, como diz Lele, o trabalho dos indígenas. “E foi muito interessante. Eles fazem a pintura corporal com jenipapo, uma fruta, e que dura de dois a três meses na pele. Não é tóxica, é uma coisa natural. Eles mostraram como fazem, e aquilo foi o arquétipo que ela tirou para pintar as sedas. Eu tinha sido convidada para mostrar esse trabalho em Lisboa, e aí nós fomos, fizemos um desfile grande em Lisboa, e, depois, foi para uma galeria de arte, com dez dias de exposição”, conta Lele.  Eram pinturas feitas direto na seda. Grello fazia o modelo e Uliana, a pintura no tecido. Lele chegou a fazer um vestido para retratar a Amazônia que está no Museu de Nova York.