MENU

BUSCA

Lilia Chaves lança o livro de poemas 'Anseio de Argila'

A autora lança a segunda obra de poesias após o intervalo de 20 anos.

Enize Vidigal O Liberal

A professora e escritora Lilia Chaves rompe um hiato de 20 anos com o lançamento do novo livro de poesias nesta sexta-feira, 10, em Belém. “Anseio de Argila” (Amo! Editora) surge da seleção de poemas de temáticas sensual e erótica que a artista produziu ao longo desse período e que estavam guardados em um baú pessoal de textos inéditos. O lançamento será presencial, na Livraria Fox, das 17 às 20 horas.

A voz fêmea e madura da poetisa transita entre a dualidade do prazer carnal e do pecado, da liberdade e do proibido para explodir em mensagens de êxtase e de amor. Os textos dessa obra versam sobre o sexo entre duas pessoas e encontram referência desses corpos entrelaçados nas paisagens da Amazônia, como as florestas e os rios.

“Um dia comecei a organizar esse poemas que poderia publicar em três ou quatro livros, mas concentrei neste livro somente os de tema sensual e erótico”, descreve a autora, que é professora de Letras-Francês, mestre em Letras e Teoria Literária e Doutora em Estudos Literários. Hoje, aposentada, ela segue pintando, lendo e escrevendo.

“O título surgiu de um verso. ‘Anseio de Argila’ é o anseio da vida, do desejo, do corpo. A argila lembra a criação do primeiro homem, pois que Deus fez o homem do barro e essa ideia levou-me à do anseio erótico”.

Lilia Chaves conta que os poemas reunidos nessa obra revelam o homem e a mulher transgressores da ideia do pecado no sentido do amor total, que dão um grito de liberdade sexual. O processo criativo da artista foi desenvolvido a partir da experimentação com as palavras que pertencem ao universo do que é maleável, que se desdobra em diversas possibilidades de imagens.

“O livro é muito metafórico. Acabo falando da nossa natureza, dos nossos rios, que são sinuosos como braços e pernas, como corpos, que se esvaem na foz talvez como um orgasmo. A selva, a seiva, o mangue, o mangal no que nos cerca, nos cheiros que estamos habituados a sentir como os cheiros eróticos também”.

No trecho do poema “Tabatinga”, a natureza arde nas linhas de prazer: “leve / untuosa / a tabatinga / rola na margem / do rio / da carne / e pinga ao gozo da / tarde (...)”, e em “Leito de rio”: “rio de água / branca / ilharga em flor / estanca o cio / bebe-me a cor”.

O prefácio é de Lúcio Flávio Pinto e a capa apresenta a pintura “O Abraço”, do austríaco Egon Schiele.

Hiato

Este é o segundo livro de poesias de Lilia Chaves. No ano 2000, ela estreou na poesia com “E todas as orquestras acenderam a lua” (Imprensa Oficial do Estado), uma reunião de poemas líricos e sonetos de amor, que teve o prefácio assinado pelo filósofo paraense Benedicto Nunes. Inclusive, Benedicto e a esposa, Maria Sylvia Nunes, ambos falecidos, a incentivavam a produzir e a publicar.

“Eu demorei a publicar o primeiro livro. Aos poucos fui mostrando pra as pessoas, um pouco tímida. Troquei ideia com poetas do Brasil e de Portugal que, como eu, nunca tinham publicado livro, e vi que eu tinhas condições de publicar. Deixei de ser insegura”, recorda.

Ao longo dos últimos 20 anos, Lilia continuou a produzir poemas. No intervalo entre os dois livros de poesia, Lilia publicou “Mário Faustino – Uma biografia” (Secult, 2004), sua tese de doutorado. E, ainda, organizou outros livros, como “O amigo Bené fazedor de rumos”, com depoimentos de amigos de Benedicto Nunes; “Dulcinéa Paraense – a flor da pele” (Secult, 2012) e “Meu caro Bené, cartas de Mário Faustino a Benedito Nunes” (Secult, 2017). Além disso, teve poemas publicados em “Poesia do Grão-Pará”, antologia organizada por Olga Savary (2001), entre outras.