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Lançamento de nova edição de livro sobre a Cabanagem emociona público na Feira Pan-Amazônica

Obra de Pasquale Di Paolo foi apresentada neste domingo (17) no Hangar com presença da família, do reitor da UFPA e de descendentes de Eduardo Angelim

Gabriel da Mota

A 4ª edição do livro Cabanagem: a Revolução Popular da Amazônia (Ed.ufpa, 2025), de Pasquale Di Paolo, foi lançada neste domingo (17) na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. O evento reuniu familiares do autor, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, leitores e descendentes de cabanos, em uma celebração marcada pela emoção, que contou também com leitura dramatizada de trechos da obra feita por egressos da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA).


Para a professora aposentada Darcy di Paolo, 68, viúva do autor, a ocasião representou um marco simbólico. “Este livro está na sua quarta edição, porém, é a primeiríssima produzida pela editora da UFPA. Portanto, é um marco muito significativo para nós, da família do Pasquale, e com certeza para ele também, por toda a trajetória de trabalho na UFPA. Ele foi professor e pesquisador por muitos anos, muito dedicado às causas da Amazônia que ele tanto amava”, disse.

Ela ressaltou ainda o simbolismo da escolha do espaço. “Nós da família fizemos questão que esse livro fosse lançado na Feira do Livro, porque aqui tem pessoas de todos os níveis culturais e de escolaridade. É um acontecimento popular, tudo o que ele gostava. Ele [se estivesse] vivo, estaria aqui com o maior prazer do mundo”, acrescentou.

Um clássico revisitado

Durante o lançamento, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, destacou a relevância da obra, cuja apresentação foi assinada por ele. “É um livro muito especial, porque ele conta a história da construção do Estado paraense e como ele está hoje. Tem um papel importante que marca um conjunto de lutas pela independência em vários estados do país, e a daqui foi uma luta interessante porque trouxe os cabanos ao poder”, afirmou.

Ele também compartilhou uma leitura pessoal: “Eu, por exemplo, li esse livro primeiramente como livro didático, acadêmico, e depois como um romance. Uma história que é bela, verídica, mas ao mesmo tempo é romanceada, tem uma licença poética extraordinária. Portanto, é um livro fascinante”.

Herança cabana

Entre os presentes, a profissional hoteleira Ettiene Angelim, 55, descendente de Eduardo Angelim, falou sobre o peso da obra para resgatar memórias familiares e coletivas. “A gente quase não tem uma literatura que fale sobre a Cabanagem. A gente entende outras revoluções brasileiras, como a Farroupilha e a Sabinada, mas o próprio nortista não consegue olhar e estudar a Cabanagem, porque ela foi muito escondida durante anos”, pontuou.

Ela também lembrou da infância no distrito de Icoaraci e das narrativas orais que foram passadas sobre o líder político daquele período.

“A minha família cuidava do legado de Eduardo Angelim, a espada dele ficava lá em casa. Quando criança, a gente limpava a bainha, dava brilho na espada. Mas a história oficial dizia que os cabanos eram tratados como arruaceiros, desordeiros. Só depois, com essas obras que começaram a estudar a Cabanagem, é que se pôde realmente desvendar o que ela foi”, contou.

Juventude atenta

O graduado em História, Gabriel Mesquita, 25, também fez questão de acompanhar o lançamento. “É raro ver livros sobre a história do Pará, então eu aproveitei a oportunidade de entrar aqui no estande da UFPA e pegar esse livro. Disseram que, pela primeira vez, os excluídos vão ser protagonistas. Então supostamente o povo não será mais tratado de uma forma pejorativa”, opinou.

Ele reforçou que a obra é uma oportunidade de repensar narrativas. “A Cabanagem não é tão bem falada, por exemplo, como uma Farroupilha. Meus professores sempre falaram que a Cabanagem era vista como uma revolta de ‘vagabundos’. Mas eu não tenho essa visão negativa”, finalizou.

A obra pode ser adquirida por R$ 90 no estande da ed.ufpa, durante toda a programação da Feira do Livro que segue até a próxima sexta-feira (22), das 9h às 22h, no Hangar. O título também está disponível na sede da editora, no campus Guamá da UFPA.