Ira! revela sua essência em show acústico em Belém nesta sexta (15)
Banda icônica do rock nacional celebra 21 anos do show 'Ira! Acústico MTV', de 2004, e compartilha grandes sucessos com o público em Belém, na Assembleia Paraense
Pense em um livro de poemas ou em prosa de que você gostou muito e tem guardado no coração. Um dia desses, surge a oportunidade de conferir de novo o livro, mas ele não é mais o mesmo (como se diz, “um rio nunca mais é o mesmo”), ganhou novas cores e sentidos e você mesmo mudou. Então, parece que tudo é novo de novo, porém, é de fato novo. Assim promete ser o (re)encontro da banda icônica do rock nacional, o Ira!, com os fãs e público em geral a partir das 21h desta sexta-feira (15), na Assembleia Paraense, quando o grupo vai apresentar o show “Acústico 20 anos”, com o repertório do álbum “Acústico MTV”, de 2004, comemorando duas décadas desse disco histórico.
O clima da banda e do público para isso não poderia ser melhor, como destaca o super guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra. Todos sabem o valor de canções como “O Girassol”, “Eu Quero Sempre Mais”, “Tarde Vazia”, “Envelheço na Cidade”, “Dias de Luta”, “Flores em Você, “Nucleo Base”, “15 Anos”, “Flerte Fatal”, “Ciganos”, “Poço de Sensibilidade”, “Por Amor” – composição do saudoso Zé Rodrix – e “Pra Ficar Comigo”, versão do grupo para “Train in Vain (Stand By Me)” do The Clash, que a banda acabou incorporando até hoje em seu show elétrico.
Trata-se de uma turnê nacional que revive o repertório desse álbum com o o plus da companhia de músicos de apoio, ou seja, novas sonoridades. Em 2004, o grupo sacudiu de vez o mercado fonográfico brasileiro com o meteórico “Acústico MTV”. Somados, CD e DVD chegaram muito próximos de 1 milhão de cópias vendidas, figurando entre os cinco projetos mais bem sucedidos comercialmente da grife no Brasil, de todos os tempos.
O Ira! foi formado em 1981. Mas, em 2007, os músicos da banda se separaram. Em 2014, a banda voltou com tudo em um show histórico na Virada Cultural no centro de São Paulo.
A banda do “Acústico 20 Anos” tem Nasi nos vocais, Edgard Scandurra no violão e vocais, Evaristo Pádua na bateria, Johnny Boy nos teclados e violão, Daniel Scandurra no baixolão, Jonas Moncaio no tchello e Juba Carvalho na percussão.
Dias de amor, de luta
Em entrevista ao Grupo Liberal, Edgard Scandurra adianta: “Estamos muito ansiosos para tocar aí em Belém, uma cidade em que nós temos um histórico de shows fantásticos desde os anos 80”. Edgard avalia que ao se pegar canções de uma banda de rock substituindo o instrumental elétrico por uma sonoridade acústica há de se ter história, bagagem, um repertório rico, para que se consiga por meio dos violões, da forma mais suave, “evidenciar a poesia, os refrões, as melodias, e isso é uma coisa pela qual o Ira! sempre primou muito”.
Ele, como compositor principal da banda, sempre prezou muito pelas vocalizações, arranjos. “São músicas de melodias marcantes, e esse é o grande segredo para um acústico dar certo”, ressalta o músico e compositor. Scandurra observa que os arranjos e a escolha do repertório contribuíram para o sucesso do álbum.
E produzir gemas como o Ira! faz não é tarefa fácil. Edgard Scandurra conta que para isso é preciso “prestar muita atenção nas coisas que acontecem no dia a dia da vida da gente, ou seja, as coisas marcantes, as alegrias, as decepções, os inconformismos, as revoltas, as histórias, o que acontece no mundo, as inspirações, tudo isso, e o exercício de você ter a caneta na mão e trabalhar isso com a sua mente, né?”. Trabalhar nesse sentido envolve a construção de versos, letras de canções, o que requer empenho, dedicação. “Vão rolar linhas escritas, e isso vai acabar gerando uma canção”, completa Edgard.
E é claro, Edgard Scandurra não para de observar tudo e compor. “Eu tenho muitas músicas aí, eu estou com projetos. Eu tenho mais de 18 músicas inéditas aguardando um momento bacana para acontecer alguma coisa com elas. O guitarrista adianta que após essa experiência deles com sonoridades e plateia por ocasião da atual turnê o grupo vai estar bem livre para trabalhar um disco conceitual, como o Ira! sempre gostou de fazer. Nesse contexto, existem os voos solo de Scandurra e de Nasi, bem como os músicos que tocam com a banda. “Eu acho que vão vir coisas muito bacanas aí pela frente”, acrescenta o músico.
O Ira” possui uma constelação de canções que marcam a sua trajetória. E cada fã tem uma inesquecível nesse conjunto das gemas da banda. Para Edgard Scandurra, há uma canção que funciona como símbolo. “O Ira! tem uma música que representa muito de como o Ira! se transformou desde o começo lá em 1981 como uma banda punk que queria agredir, provocar, até o momento de conscientização do Ira!, da vida mais madura e adulta. Eu acho que ‘Dias de Luta’ é uma música muito importante na nossa carreira, que tem reflexões sobre a vida de uma pessoa quando ainda não é pai depois quando ela vira uma pessoa mais responsável, como diz o verso ‘quando se sabe ouvir não precisam muitas palavras’; tem toda uma filosofia, uma experiência de vida muito bonita nessa música”. A banda tem uma linguagem direta e poética casando harmoniosamente com o instrumental visceral do rock.
Esse gênero musical perdeu o protagonismo que tinha desde os anos 1960 até boa parte dos anos 1990, como observa Scandurra. Ele salienta que hoje em dias existem avanços tecnológicos, músicas mais regionais, as novas gerações buscando mais influências de suas linguagens naturais, regionais, a voz periférica ganhou muito relevo, o rap com sua força; na música pop, o sertanejo, a música eletrônica, além da chamada MPB, e ainda o trap, o funk. “São muitas linguagens que atingem diretamente o jovem no que era um espaço que pertencia praticamente quase que somente para o rock . Eu acho que agora o rock perde o seu protagonismo, divide esse espaço com muitas outras cenas musicais, mas isso é interessante para o rock”, diz Edgard. Para ele, no contexto de novas linguagens, o rock se mantém como algo forte, de contexto. E, como se diz, isso não sai de moda.
Nesse diapasão de descobrir sonoridades, Scandurra diz que pretende conhecer mais sobre a guitarrada, gênero criado pelo saudoso Mestre Vieira. Ele revela que gosta muito da sonoridade, a qual considera “maravilhosa”. “Mas, eu gosto muito da música do Pará. Gaby Amarantos é fantástica; Fafá de Belém, já toquei com a Fafá, sou muito fã, acho ela incrível; a banda dos meus amigos do Álibi de Orfeu, de que eu gosto bastante; Felipe Cordeiro e tem mais gente bacana que eu estou deixando de citar”, pontua.
Scandurra quer ouvir muito mais sobre a arte de Mestre Vieira. “Eu sei da sua importância, da qualidade dos sons, dos timbres da guitarrada. Dos fraseados, da simplicidade e da limpeza também da palheta. Eu quero conhecer muito mais, estudar muito mais o Mestre’, arremata o músico.
Serviço:
Show ‘Ira! Acústico 20 anos’
Em 15 de agosto de 2025
22h
Na sede campestre da Assembleia Paraense,
na avenida Almirante Barroso, 4614, bairro do Souza,
Belém (PA)
Ingressos: www.meubilhete.com.br e Lojas Amazon Toy
Informações: (91) 981475222 (91) 98152-4202
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