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Flávio Nassar estreia na poesia com 'Corpo Opaco'

O livro será lançado nesta quinta-feira, 5, na Livraria Fox

Enize Vidigal

O professor, arquiteto e urbanista Flávio Nassar apresenta mais de 100 poemas em “Corpo Opaco”, seu primeiro livro do gênero. A obra reflete a inquietude de um "comunista querendo ser niilista", conforme descreve, que traz à tona reflexões sobre a natureza humana em tempos de desesperança. O lançamento com sessão de autógrafos será nesta quinta-feira, 3, na Fox, das 18h às 21h. A entrada é franca.

"Espero que o livro sirva para divertir as pessoas e também levar à reflexão sobre a existência humana e à condição atual dos brasileiros", destaca Nassar. O autor fugiu das abordagens regionalistas e românticas para privilegiar influências filosóficas e de obras como "As Cidades Invisíveis", de Ítalo Calvino - a partir do qual fez um capítulo de poemas com cidades que têm nome de mulher, onde Nassar incluiu Belém -, e "A Divina Comédia", de Dante Alighieri - especialmente na descrição de como um corpo morto cai, no último capítulo.

E, assim, a poesia que dá nome à obra é publicada na última página, sob a inspiração do conceito "Homo Sacer", do filósofo Giorgio Agamber, sobre o qual o homem não tem valor para o poder, mas, ao contrário, é completamente descartável. Esse poema fala sobre um corpo sem brilho, sem cor e sem vida, que se decompõe. Ele encerra o livro.

"Corpo Opaco" nasceu por acaso como um livro de poemas, pois Flávio Nassar planejava inicialmente escrever um romance. Esse é o segundo livro literário dele, que, no ano 2001, publicou o romance “Armagendon na Cidade do Pará e a Polêmica Ressureição do EncoleCobra”. O novo livro traz, ainda, textos dispostos em forma enigmática semelhante a QR Codes, cujas ilustrações são de Flávio Nassar, mas com teor de autores que o influenciam. Esses códigos estão distribuídos pelo livro, na introdução de cada um dos seis capítulos.

“O QR Code por si só já trabalha com a linguagem de branco e preto, essas duas cores antagônicas. As minhas ilustrações acabaram tendo uma terceira cor, que é o vermelho, um pouco inspirado no grafismo dos poetas concretistas russos”, explica. O próprio autor assina o projeto gráfico.

A apresentação da obra é assinada por Pedro Pinho, professor de literatura brasileira da Universidade Federal do Pará (UFPA). Sobre a estreia de Flávio Nassar na poesia, ele diz: "Surge maduro, heterodoxo e inovador, tanto nas opções temáticas quanto nos processos formais e no (des)trato da linguagem poética, quebrando certos paradigmas gramaticais, ortográficos, estilísticos, e preconceitos vocabulares".

E conclui: "com sua desconstrutiva e desmascaradora poesia punk (assim em parte a percebemos e rotulamos), ele se religa, heterodoxamente porém, à tradição recente da nossa poesia de vanguarda, na sequência histórica da poesia concreta, a neoconcreta,  a poesia práxis, o poema processo, a poesia underground".

Os escritores Vicente Cecim e Caco Ishark assinam os textos na orelha da edição física. "Observe que mesmo nos momentos em que entalha uma forma de linguagem mais rígida - concreta, se diria - Nassar não esquece a veia cínica de Dióneges ou as desterritorializações mentais da linguagem de (Tristan) Tzara. É pegar ou largar. Pois só lhe resta uma coisa - jogar", descreve Cecim.

"No mínimo, um livro necessário. São vários os corpos que formam este Corpo Opaco de Flávio Nassar", opina Ishark. "Nassar enfim dá as caras (e a tapa) para reivindicar o lugar deste corpo opaco ao sol esturricante da poesia brasileira. Ou para que reivindiquem por ele", completa.

Agende-se:

Lançamento do livro “Corpo Opaco”, de Flávio Nassar
Data: quinta-feira, 3, das 18h às 21h
Local: Livraria da Fox (Tv Dr. Moraes, 584, Nazaré)
Entrada franca