Espetáculo de Nany People e debates sobre inclusão marcam terceiro dia da Feira Pan-Amazônica
Diversidade, ancestralidade e literatura em pauta na programação no Hangar
A terceira noite da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada pelo Governo do Pará, foi marcada por emoção, humor e representatividade. A atriz, cantora e performer Nany People encantou o público com um espetáculo que reuniu música e relatos pessoais, reforçando a importância da literatura como ferramenta de transformação social.
Reconhecida como um dos maiores símbolos de resistência e representatividade da cena cultural e LGBTQIA+ no Brasil, Nany compartilhou memórias de sua trajetória e destacou a relação com Belém.
“Já tive grandes amigos aqui. Quando vim pela primeira vez para o Círio, fiquei apaixonada. Tive até um caso de amor que relato em meu livro novo. Tem várias fotos do Círio”, contou.
A artista ressaltou ainda o impacto da leitura em sua vida. “Estou muito feliz porque é uma feira grandiosa, que fala sobre conhecimento, nossa chave para transpor barreiras e frustrações. A literatura liberta e infla algo chamado imaginação, e te faz sonhar”, afirmou.
Ao final da apresentação, Nany deixou uma mensagem de inspiração. “Os sonhos podem não pagar as contas, mas são os maiores financiadores para libertarem nossas almas. Quando sonhamos, superamos a condição do possível.”
Livro e interação com o público
Durante a participação no evento, Nany autografou exemplares de sua obra “Ser Mulher Não É Para Qualquer Um – A Saga Continua”, lançada este ano. Entre os fãs, o pedagogo Ibrahim Neto destacou a relevância da artista.
“Vim prestigiar essa grande representante da comunidade LGBTQIA+. Ela tem carisma, vivências diversas e se tornou uma referência. Hoje já projeto minha velhice e quero chegar com a vivência que ela tem”, disse.
Ao longo da tarde, a Arena Multivozes recebeu escritores, educadores e criadores de conteúdo em rodas de conversa sobre inclusão, ancestralidade e literatura anticapacitista.
A influenciadora digital Amanda Soares, do perfil @pcdperigosa, reforçou o papel das pessoas com deficiência na memória coletiva.
“A literatura nos constitui porque documenta e perpetua a forma como pensamos. Não basta apenas garantir acesso, é preciso entender o pertencimento. Pessoas com deficiência também constroem memória coletiva e nacional, como Aleijadinho e Frida Kahlo”, destacou.
O escritor Marcos Cajé lembrou a importância de ampliar os espaços de fala. “Não adianta só falar de múltiplas vozes se elas não são escutadas. Um dia dedicado à diversidade e inclusão traz representatividade preta, indígena e asiática. É preciso ser assertivo no discurso para garantir inclusão a todos”, ressaltou.
Entre o público, a pedagoga Mariana Pinheiro reforçou a relevância do debate. “Eu me interesso muito pelo universo da inclusão. Todos nós temos que nos sentir incluídos, especialmente quem não possui espaço para isso. É necessário oferecer esses ambientes”, avaliou.
Serviço: A 28ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes segue até sexta-feira (22), no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, das 9h às 22h, com entrada até 22h.