Escritores paraenses promovem a COP das Vozes Literárias da Amazônia
Em iniciativa da Falpa, o evento ocorre nesta quarta (19), na Casa da Linguagem, em Belém, com debate acerca da democratização do livro e da leitura e outras atrações
Por trás de cada livro existe uma história que também muitas vezes bem que poderia render outro livro ao público, para contar os desafios superados por autores a fim de concretizar o seu projeto literário. Isso é muito comum entre os escritores na Amazônia, que se superam para disseminar suas obras. Esses bastidores e as obras em si vão compor um painel de debates intitulado "Palavras da Amazônia, a COP da palavra, da escrita, das letras e das vozes literárias da Amazônia", a ser realizado nesta quarta-feira (19), a partir das 15h, na Casa da Linguagem, no bairro de Nazaré, no centro de Belém.
A promoção dessa COP é da Federação das Academias de Letras do Pará (Falpa) e tem como foco os desafios para a democratização do livro e da leitura. Na pauta do evento estão temas como a literatura infantojuvenil - espaços de resistências e reinvenção de um mundo, o papel das bibliotecas (públicas e comunitárias) e a circulação literária – feiras, salões, festas e outros espaços de divulgação de autores e comercialização de suas obras.
A programação vai contar com um debate sobre o espaço feminino nas letras e as suas “literolutas”. No final dessa COP, será lançado um documento, provisoriamente chamado de “Manifesto Palavras da Amazônia”. A abertura do evento será às 15h. Um sarau literomusical começará às 18h. Será no coreto da Casa da Linguagem, com autores de poesia de cordel, poetas e músicos. Uma feira para a venda de livros é uma outra atração na programação. E tudo com ingresso livre.
Presença
Franciorlis Viannza, presidente da Falpa, explica que o objetivo é aproveitar o ambiente da COP30 "para gritar bem alto que, na Amazônia, existe uma literatura pujante, criativa e universal". "A gente quer valorizar e reconhecer o legado deixado pelos grandes escritores regionais e dignificar a produção dos autores atuais, dos contadores de histórias, dos mediadores de leitura e dos organizadores e gestores das bibliotecas".
O escritor explica que o "Palavras da Amazônia" surge para marcar presença importante em um momento de debate climático e social que Belém e todo o Pará vivem, como diz Franciorlis. "Para conhecermos a Amazônia, é indispensável escutar e ler a Amazônia", pontua.
Entre os muitos desafios do escritor amazônida, Franciorlis destaca a dificuldade de circulação de obras e autores. Argumenta que a Amazônia, em destaque a Amazônia paraense, possui desafios geográficos, culturais e sociais para uma integração e cooperação entre regiões. Isso acarreta, não raro, um isolamento dos escritores em suas comunidades de leitores.
"Para superar esse problema, o Estado precisa intervir com políticas públicas de aquisição de livros, de implementação de um calendário estadual de feiras e festas literárias, de leis que incluam a literatura paraense na grade curricular, programas de fomento ao leitor, programas de intercâmbio entre autores e os nossos 144 municípios. Fácil não é, mas impossível também não", enfatiza o escritor.
A luta dos escritores para publicar seus livros é assim traduzida pelo presidente da Falpa: "A maioria dos autores publica por 'pacote fechado', ou seja, ele banca, ele comercializa, ele chuta o escanteio, ele corre para fazer o gol. Tudo é o autor. Além de custear a si mesmo, a publicação nem sempre é via editora — pode ser por gráfica, artesanalmente, ou e-book".
Sobre a importância da literatura para a identidade amazônica, Franciorlis Viannza diz: "Como podemos falar de Amazônia sem citarmos os versos "Este rio é minha vida" do poeta Ruy Barata? Como podemos citar a vida ribeirinha sem mencionarmos o "Parájó" (Pará marajoara) que nos foi apresentado por Dalcídio Jurandir? Como expressar a Amazônia que desejamos, pujante, criativa e universal, sem nos lembrarmos da Andara de Vicente Cecim? Como falar da Amazônia, nome feminino, sem destacar "O Banho de Cheiro" de Eneida de Moraes?"
Serviço:
'"Palavras da Amazônia, a COP da palavra, da escrita, das letras e das vozes literárias da Amazônia'
Em 19 de novembro de 2025
A partir das 15h, na Casa da Linguagem,
na avenida Nazaré, 31, Belém (PA)
Entrada Franca
Palavras-chave