Companhia Moderno de Dança leva 'Fala' a Castanhal em noite de arte e denúncia
Espetáculo propõe um diálogo sensível e crítico sobre as estruturas patriarcais que afetam a vida das mulheres.
O município de Castanhal recebe neste sábado, 6 de dezembro, o espetáculo "Fala", da Companhia Moderno de Dança (CMD). A apresentação, que ocorre na Escola Estadual e das Artes São Lucas, integra a programação do I Seminário de Dança da Escola das Artes São Lucas. Esta iniciativa também faz parte da “Circulação Intermunicipal” da Companhia, que levará a obra aos municípios de Abaetetuba, Benevides e à capital Belém, durante os meses de dezembro e janeiro.
Conectando Dança e Literatura
"Fala" é uma obra concebida em 2024 que nasce do desejo de tecer conexões entre dança e literatura, com o propósito de valorizar a cultura e as escritoras da região. O espetáculo aborda o encontro de vozes femininas a partir de palavras enunciadas por mulheres em textos produzidos para o livro “Tramas das Águas”. Esta coletânea reúne contos, crônicas e poemas de autoras contemporâneas do Pará, que exploram as múltiplas experiências de ser e estar mulher na Amazônia.
Visibilidade e Enfrentamento
O trabalho visa dar visibilidade a questões que envolvem o universo feminino, retratando em sua poética as micropolíticas de enfrentamento ao patriarcado como estrutura social. A Companhia Moderno de Dança questiona: "Como construir uma fortaleza para defesa e enfrentamento ao sistema que reduz e enquadra a mulher em padrões limitadores de suas potencialidades?".
A proposta da Companhia sugere que somente a união, por meio de uma rede de apoio e ação coletiva, é capaz de promover transformações sociais. Além das questões técnicas, temáticas e conceituais, o espetáculo busca valorizar e transmitir a necessidade de pensar as mulheres em coletivo como uma política e uma potência transformadora dos desafios e limitações impostos, de forma estrutural, em grande parte das sociedades contemporâneas.
Criação e Sonoridade
O processo criativo do espetáculo foi impulsionado pelo contato do grupo com a obra literária “Tramas das Águas”, uma coletânea que abrange poemas, prosas, contos e crônicas. O espetáculo não se define como uma reprodução literal do livro, mas sim como um trabalho profundamente inspirado nos temas e ideias que a obra literária evoca.
Múltiplas linguagens artísticas são empregadas, desenvolvendo a dança por meio de produções escrita, visual, musical e teatral. A técnica da colagem é utilizada como procedimento criativo para abordar o universo feminino no palco de forma singular.
O processo colaborativo com atrizes e dançarinas é um pilar da criação. "Estamos em processo de experimentações juntos com elas, por meio de conversas e propostas de improvisos com as cenas", destaca Evs Cris. "Eu, como diretora musical, tive acesso à leitura do livro e pude tirar muitas referências sonoras inspiradas nos próprios textos. A partir disso, pensamos em conjunto sobre composições, melodias e instrumentos que podem enriquecer as cenas."
A percussão assume um papel central no espetáculo. Dada a temática que aborda a relação das mulheres com o rio, a natureza e a vivência de mulheres amazônidas na região, a percussão resgata uma ancestralidade presente tanto nos textos do livro quanto na dramaturgia da peça.
Circulação e Apoio Cultural
A “Circulação Intermunicipal” foi contemplada e aprovada pelo edital de circulação da Política Nacional Aldir Blanc de 2025, na categoria de dança. Um dos principais objetivos desta aprovação é estimular a apreciação estética e artística da dança de maneira democrática no norte do país.
Serviço
- Espetáculo: "Fala"
- Data: 06/12
- Local: Escola Estadual e das Artes São Lucas - Rua Maj. Wilson, 463-573 - Nova Olinda
- Horário: 18h
- Acessibilidade: Tradução e intérprete de Libras
- Instagram: @ciamodernodedança e @_entrecenas
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