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Coluna do Estadão: Tarcísio arrisca perder eleitor de centro ao adular Bolsonaro

Estadão Conteúdo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, elevou o tom em muitos decibéis de bolsonarismo no domingo, ao discursar na Avenida Paulista. Embora o movimento gere risco de colar nele parte da rejeição que o eleitorado tem ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e também afastar votos do centro, seu cálculo político é pragmático: a disputa presidencial de 2026 será novamente polarizada e o 2.º turno terá o presidente Lula e um candidato anti-PT. Marqueteiros que atuaram nas eleições de 2022 avaliaram à Coluna não haver espaço para moderação no embate público no ano que vem. O clima continuará de fla-flu, apostam. Nesse raciocínio, Tarcísio assume o papel de antagonista a Lula e ao petismo. "O País vai se livrar das garras do PT", disse o governador.

NO BOLO. A frase de Tarcísio ficou perdida em meio à defesa da anistia e às críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes. Indagado pelo Estadão sobre a adoção do tom elevado, o governador respondeu que refletia o sentimento popular. "As pessoas estão cansadas, muito cansadas. Só traduzi um pouco do sentimento das pessoas", disse.

CONTEXTO. O governador paulista carrega o DNA do bolsonarismo. Foi ministro na gestão passada por quase quatro anos. Se isso não estava claro, especialmente para os filhos do ex-presidente, agora ficou evidente para o eleitor em geral.

APOSTA. Tarcísio escalou no radicalismo agora porque conta com o apoio do Centrão para ser o candidato presidencial da direita. Esse grupo acredita que mesmo os mais moderados se unirão a Tarcísio no 2.º turno, quando serão todos contra Lula.

TIRO... O uso de uma bandeira gigante dos Estados Unidos no protesto de bolsonaristas virou motivo de comemoração e piada nos corredores do Planalto. "Parece até que foi ideia do Sidônio", brincou um ministro, em referência ao chefe da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira.

...NO PÉ. O assunto foi comentado em reunião da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, com a equipe de governo. A vinculação dos atos da oposição com os EUA se encaixa na intenção do presidente Lula de obter dividendos políticos com a defesa da soberania.

ENGAJOU. A expressão "Brasil com Bolsonaro" no X (antigo Twiter) teve mais que o dobro de menções sobre a expressão "Brasil soberano", propagada por Lula e pelo PT, no 7 de Setembro. Segundo levantamento da Nexus, o apoio ao ex-presidente teve 2,2 milhões de citações. A campanha petista, 1 milhão.

SEM... Ex-presidente da Comissão de Anistia no governo Lula, a advogada Eneá de Stutz diz que o Judiciário deve condenar quem ataca a democracia e louva a ditadura. Ela tem acompanhado presencialmente o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, na área destinada à sociedade civil.

...ANISTIA. "Responsabilizar criminalmente quem almeja os autoritarismos é papel do Judiciário. Esse julgamento é um marco na história do País. Determinará de uma vez por todas que não se admitirá no Brasil qualquer ataque à democracia. Nunca mais!", disse a advogada à Coluna.

PRONTO, FALEI!

Gilmar Mendes Decano do STF

"Crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão! Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam."

CLICK

Carlos Lupi Ex-ministro da Previdência

Durante depoimento à CPMI do INSS, que apura descontos indevidos de R$ 6,3 bilhões contra aposentados e pensionistas entre os anos de 2019 e 2024.

(Roseann Kennedy, com Eduardo Barretto e Iander Porcella)