Coluna do Estadão: Jorge Messias no STF: Lula confirma máxima de que PT só prioriza os seus
Ao indicar para o Supremo Tribunal Federal (STF) o advogado-geral da União, Jorge Messias, o presidente Lula revela não só seu critério de escolha, mas também o tratamento dispensado a aliados que não são do PT. Quando foi eleito senador, em 2018, Rodrigo Pacheco derrotou a ex-presidente Dilma Rousseff, que dois anos antes sofrera impeachment. Ao longo do tempo, porém, Pacheco se aproximou do PT e de Lula. Nutria a esperança de ser indicado ao STF, mas seu cálculo político não incluiu uma máxima que circula em Brasília: "O PT só protege os seus". O presidente se reuniu ontem com Messias, no Palácio da Alvorada, três dias depois de ter avisado o senador que não o escolheria para a cadeira antes ocupada na Corte por Luís Roberto Barroso.
TRAUMA. Lula nunca escondeu dos amigos que seu critério seria indicar para o STF um nome no qual confiasse totalmente. Pesou para ele a lealdade. Em 2003, o presidente escolheu Joaquim Barbosa para o tribunal e se arrependeu. Barbosa virou algoz do PT no processo do mensalão.
PADRÃO. Ao voltar ao poder pela terceira vez, em 2023, Lula deixou claro o perfil estabelecido para o STF: só indica quem o defende. O primeiro foi Cristiano Zanin, seu advogado na Operação Lava Jato. Depois, Flávio Dino, conhecido por seus ferrenhos embates com bolsonaristas quando estava no comando do Ministério da Justiça.
APOSTA. Apesar de saber que deve enfrentar problemas na relação com o Senado ao rejeitar o pedido dos congressistas pela indicação de Pacheco e bancar Messias, Lula preferiu escolher alguém que vê como vacina contra qualquer problema no STF.
CRISE DUPLA. Além de comprar briga com o Senado por Messias, Lula escalou o conflito com a Câmara ao criticar o texto aprovado do projeto antifacção. Esse cenário levou os presidentes das duas Casas, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), a se reaproximar. Um exemplo foi a foto da dupla com o presidente do STF, Edson Fachin, na quarta-feira, 19.
CÁLCULO. Câmara e Senado veem com incômodo o fato de Lula usar a opinião pública contra o Legislativo quando perde batalhas políticas, como no caso do decreto do IOF. Se Motta e Alcolumbre não se unirem, avaliam os parlamentares, podem ser alvo de mais artilharia do Planalto em 2026, ano eleitoral.
TEMOR. Na base aliada, a leitura é de que essa animosidade pode criar uma "tempestade perfeita" contra Lula no Congresso, no momento em que o governo negocia o Orçamento de 2026.
IMPASSE. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse que a federação com o União Brasil será sacramentada em breve pelo TSE. Mas está preocupado com a demora dos partidos de perfil liberal-conservador em definir quem o grupo vai apoiar para a Presidência, em 2026.
PRESSÃO. Diante do que chamou de "falta de bom senso e de estratégia" no centro e na direita, Ciro afirmou que a federação deve dar prioridade às eleições estaduais. Foi um recado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que até hoje não ungiu o seu candidato ao Planalto.
PRONTO, FALEI!
Marco Aurélio Carvalho Coordenador do Prerrogativas
"Messias será um grande ministro. Tem espírito público, sensibilidade social e sólida formação jurídica. Trabalhará para diminuir a tensão entre os Poderes."
CLICK
Celso Sabino Ministro do Turismo
Em Belém (PA), ao explicar o incêndio que ocorreu em instalações da COP-30, que paralisou as negociações e fechou a área da conferência climática.
(Roseann Kennedy, com Eduardo Barretto, Iander Porcella e Vera Rosa)