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A visibilidade televisiva para o artista da música

A equipe de O Liberal vai tratar nesta edição sobre alguns paraenses que surfaram ou estão surfando na onda do mainstream

Bruna Lima

Não é novidade dizer que os programas de televisão como o BBB e novelas são vitrines cobiçadas pela classe artística de um modo geral. Nesta edição vamos tratar sobre o ramo da música, já que as aparições resultam em seguidores, reconhecimento e entre outras oportunidades de negócios que ajudam a alavancar a carreira do músico. 

A equipe de O Liberal vai tratar aqui sobre alguns paraenses que surfaram ou estão surfando na onda do mainstream, que funciona como uma corrente dominante que inclui toda a cultura popular e de massa, as quais são difundidas pelos meios de comunicação de massa.

Artistas paraenses como Dona Onete, Lia Sophia, Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro e Gang do Eletro já tiveram esta oportunidade de ter suas músicas como temas de novelas. Inclusive, o tema de abertura da novela "Além da ilusão", atual novela da Globo, traz a voz de Gaby Amarantos na versão de um clássico de Carmem Miranda.


Antes desta oportunidade, Gaby também deu voz para a música "Ex mai Love", tema de abertura da novela "Cheias de Charme". Dona Onete levou "Boto namorador" como tema da novela "A Força do Querer", a artista paraense chegou até a fazer uma participação com um show na trama. E para quem é fã de BBB, recorda que no ano passado a baiana Daniela Mercury tocou "Banzeiro" durante o show na casa mais vigiada do país.


Lia Sophia também já experimentou desta oportunidade com a música "Ai Menina", na novela "Amor eterno amor", que assim como Dona Onete, Lia também fez uma participação e levou a banda paraense para gravar uma das cenas.


Felipe Cordeiro teve uma de suas músicas citadas teve a canção “Problema seu” citada de forma improvisada pela atriz e cantora Ana Baird, a Nicole da novela “Um Lugar ao Sol”, em uma cena com Andréa Beltrão. E a música “Cremosa”, de Keila Gentil, foi usada pela atriz Mariana Xavier em um vídeo que ela publicou no Instagram mostrando sua mudança de visual. 

Sobre esse cenário, Felipe Cordeiro explica que ficou feliz em ter a sua música citada na novela “Um Lugar ao Sol”, mas não foi algo que tenha trazido um impacto avassalador, pois foi rápido. “Acredito que ocorre o impacto quando a música faz parte da trilha sonora da trama, pois fica sendo repetida e as pessoas passam a conhecer”, destaca o paraense.

Felipe diz que a mídia brasileira de um modo geral é concentrada no sudeste e não apenas concentrada fisicamente, mas ela acha que o olhar sobre a cultura brasileira é um olhar atravessado pelo sudeste. “A leitura que o sudestino faz do baiano, do pernambucanos é a leitura que o sudestino faz do paraense e isso caricaturiza sotaques e visões de mundo. É óbvio que eu gostaria de ver mais músicas paraenses nas novelas e na mídia nacional de maneira mais natural, como algo brasileiro e forte e tratado com respeito”, pontua Felipe Cordeiro.

A equipe de O Liberal conversou com o produtor cultural Marcel Arêde para fazer uma reflexão sobre essa relação da música com os meios de massa como BBB e novelas.

Com relação às novelas, Marcel Arêde explica que também por se tratar de uma grande mídia de meistreaming acaba gerando um efeito no momento da divulgação. Mas ele pontua que tanto Dona Onete, Lia Sophia e Gaby Amarantos não foram artistas que estão no mercado do mainstream, elas se enquadram no mercado intermediário.

“O mainstream é do sertanejo, da música pop como Anitta. Eles nem precisam desses espaços. Mas as novelas além de dar um bom recurso, pois a música e o artista passa a ser conhecida por um público que não chegaria de outra forma a não ser por uma grande imprensa”, pontua.

Mas ele explica que a mudança na carreira destes artistas é algo pontual, pois quando música está tocando elas são vistas e faladas, mas quando param de tocar elas acabam retornando ao seu lugar de origem. “É difícil manter o sucesso. Essa visibilidade é importante pois impulsiona, mas manter no mesmo nível não é simples”, acrescenta.

Marcel Arêde diz que é defensor do lugar de direitos iguais para que todos tenham oportunidades da mesma forma, mas ele sabe que dentro do mercado, principalmente quando se trata de televisões de grandes empresas de comunicação, o caminho não é simples.

Sobre o BBB, Marcel diz que por se tratar de um programa de grande audiência, ele cria celebridades, ele cria novos artistas, ele descobre pessoas que não estão fazendo sucesso e colocam em uma grande mídia. “Com isso, a música dessas pessoas são tocadas, as pessoas passam a seguir e ganhar muitos seguidores nas redes sociais e não tem como não alavancar uma carreira”, pontua Arêde.

Para o produtor cultural, a Juliette é uma questão à parte. Ela foi uma celebridade construída, de uma personalidade forte e que representa o brasileiro vencedor, pois as pessoas se identificam muito com ex-bbb. “O processo dela foi inverso, ela foi colocada na música por uma oportunidade de negócio, uma oportunidade de uma grande gravadora que enxergou a possibilidade de investir e lançar uma carreira . É um processo inverso ao dos artistas como Rodolfo e Nayara Azevedo. Rodolfo teve a música como a mais tocada no spotify no ano passado”, explica.

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