UFPA sedia 'Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP30' até sexta-feira (26)
Pesquisadores reforçam união e ciência colaborativa em defesa da Amazônia durante encontro em Belém, que teve início nesta segunda-feira (22) e segue até sexta (26).

Nesta segunda, 22, a abertura do 1º Encontro de Redes Amazônicas de Pesquisa em Sociobiodiversidade e Clima foi marcada pelo debate sobre a importância da cooperação científica entre instituições e estados da Amazônia Legal. Nesse momento inaugural do evento, realizado na Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira da Silva, reitor da UFPA, celebrou a presença de representantes dos nove estados da região e reforçou a importância da união institucional.
“Isso não tem preço. A Amazônia só faz sentido se estivermos juntos. O grande sonho é que a gente perceba a força coletiva das universidades e instituições da região”, afirmou o reitor. Ele também destacou que a proposta é ir além de uma agenda acadêmica: “Essa semana é a prova de que estamos unidos. Vamos reunir as contribuições das redes para as políticas nacionais de clima e biodiversidade. A ciência amazônica já existe, já entrega resultados. O que falta é que sejamos ouvidos”, pontuou.
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O evento “Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP30” segue até 26 de setembro, em Belém, com encontros, sessões técnicas, rodas de diálogo e planejamento estratégico. A ideia é promover o intercâmbio entre diferentes pesquisadores que trabalham com monitoramento ambiental, biodiversidade, recuperação de ecossistemas, sociobiodiversidade e políticas públicas baseadas em evidências científicas.
Participam redes como o PELD-AmOr, PPBio-AmOr, INCT-SinBiAm, CAPACREAM e o recém-criado CISAM – Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia, além de coletivos de comunicação da ciência, como o CIECz, informou a assessoria de imprensa.
Ciência integrativa
Representando o PPBio-Amazônia Oriental (PPBio-AmOr), a professora Grazielle Sales Teodoro, do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, ressaltou o papel das redes de pesquisa na construção de uma ciência integrativa. “Vivemos grandes desafios, como mudanças no uso da terra, degradação dos ecossistemas e eventos climáticos extremos. Precisamos conhecer mais a nossa biodiversidade e fazer isso de forma integrada com os saberes e experiências das populações locais”, afirmou.
O professor José Júlio Toledo, da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), lembrou que a atual estrutura de redes científicas é resultado de mais de duas décadas de trabalho coletivo. Ele reforçou a importância da divulgação científica como ferramenta de conscientização. “Vivemos avanços, mas também retrocessos. E nós, como cientistas, temos a responsabilidade de informar a população e participar das decisões públicas”, disse.
Coordenadora do PELD-AMOR, a professora Thaisa Michelin destacou que a ciência feita na Amazônia também é um ato de cidadania. “A Amazônia, com toda sua riqueza e também seus desafios, nos lembra da urgência de produzir conhecimento sólido e colaborativo. As redes de pesquisa nos permitem unir esforços e construir soluções que ultrapassam fronteiras”, afirmou.
Para o professor Filipe Machado França, coordenador do PPBio-AMOR e docente colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFPA, o encontro marca um momento especial na história da pesquisa amazônica. “Esse evento foi sonhado ainda na fase de planejamento dos projetos. Agora ele ganha forma, fortalece colaborações já existentes e abre espaço para novas conexões.”
O coordenador do evento, professor Leandro Juen (CISAM/ INCT-SinBiAm e PPBio AmOr.), destacou a diversidade da iniciativa. “Pela primeira vez conseguimos reunir, em um único espaço, representantes das principais redes científicas atuantes na Amazônia. Isso é mais do que representatividade: é diversidade, é força coletiva.”
Produções de Ciência em Rede na Amazônia Legal
Os pesquisadores também apresentaram avanços de campo. O professor Luciano Montag, do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, mostrou os resultados do eixo sobre lacunas de conhecimento, com ações em municípios estratégicos como Tailândia, Santarém e Altamira, no Pará, além de Laranjal do Jari, no Amapá, e Ji Panará, em Rondônia. “Estamos monitorando sítios localizados em áreas-chave do arco do desmatamento, buscando integrar dados da biota aquática e terrestre. Já coletamos informações sobre aves, mamíferos, insetos terrestres como abelhas, borboletas, formigas e até os rola-bostas”, contou.
A professora Karina Dias da Silva, da UFPA em Altamira, explicou que a paisagem da região é composta majoritariamente por pastagens e plantações de cacau, com pouca vegetação preservada. “Estabelecemos 19 pontos de coleta aquática e 12 terrestres. Realizamos coletas em igarapés, aplicamos protocolos de integridade ambiental e já estamos triando os dados no laboratório com o apoio de bolsistas”, informou.
O evento segue com uma programação intensa, promovendo integração entre diferentes gerações de pesquisadores e instituições. Ao longo da semana, cada rede compartilha seus avanços, prioridades e produtos previstos até a COP30, como parte da construção da Carta de Belém, documento que reunirá as principais contribuições científicas amazônicas para as NDCs brasileiras (Contribuições Nacionalmente Determinadas) no Acordo de Paris. A Carta será apresentada pelos pesquisadores na sexta, dia 26 de setembro.
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