'Multilateralismo é sinônimo de solidariedade', diz Marina Silva em reunião da OTCA na COP 30
Ministros do Meio Ambiente dos oito países amazônicos reforçam compromisso de cooperação regional e anunciam reativação da Comissão Especial de Meio Ambiente e Clima
Ministros do Meio Ambiente e autoridades dos oito países-membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname – reuniram-se nesta quinta-feira (13), no Pavilhão da OTCA, na Blue Zone da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém. O encontro marcou um passo decisivo no fortalecimento da integração entre os países da região e na consolidação de ações conjuntas para enfrentar a emergência climática.
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A ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou do encontro destacando o simbolismo de realizar a reunião no coração da Amazônia, e defendeu a cooperação entre os países amazônicos como resposta a um cenário global de tensões geopolíticas e agravamento da crise climática.
“Multilateralismo é sinônimo de cooperação, de solidariedade e, sobretudo, de respeito à autodeterminação de cada povo”, afirmou a ministra.
COOPERAÇÃO REGIONAL
Durante o encontro, os ministros reafirmaram o compromisso de seguir com a concertação regional iniciada nas Declarações de Belém (2023) e de Bogotá (2025), que estabeleceram diretrizes para uma nova etapa de governança amazônica. Um dos principais encaminhamentos foi o anúncio da reativação e do pleno funcionamento da Comissão Especial de Meio Ambiente e Clima (CEMAC/SEMAC), estrutura que deverá articular políticas nacionais e promover ações integradas sobre clima, biodiversidade e desenvolvimento sustentável.
Segundo Marina Silva, o fortalecimento da OTCA e de seus mecanismos internos é essencial para que a Amazônia avance de forma coordenada. “Precisamos enfrentar as causas estruturais da crise climática e não apenas seus sintomas. Isso significa mudar o modelo insustentável de desenvolvimento e apostar em uma economia de base florestal, com bioeconomia, bioinsumos e bioindústria”, disse.
COMPROMISSOS
A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez Torres, destacou que seu país deu um passo inédito ao declarar toda a porção amazônica de seu território como zona de reserva ambiental, livre de atividades de grande e média mineração e de exploração de hidrocarbonetos. “É um sacrifício econômico, mas necessário para proteger a biodiversidade e garantir uma verdadeira transição ecológica e social”, afirmou.
O secretário-geral da OTCA, Martín von Hildebrand, ressaltou que o fortalecimento da CEMAC representa um avanço concreto na governança ambiental da região. “Esta comissão será o canal que integrará informação técnica, científica e política pública entre os países amazônicos, permitindo agir de maneira coordenada e antecipar custos e impactos sobre as comunidades e ecossistemas”, explicou.
Os ministros também enfatizaram a necessidade de investimentos em infraestrutura de base sustentável, levando em conta os impactos sobre recursos hídricos, biodiversidade e populações locais. Marina Silva lembrou que obras mal planejadas podem gerar efeitos transfronteiriços: “O que afeta um país da Amazônia pode afetar o outro. Por isso, precisamos de uma visão estratégica conjunta”.
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