Suíça anuncia novo aporte ao Fundo Amazônia durante evento no Museu Goeldi, em Belém
Cerimônia marcou também o lançamento da “Presença Suíça na COP30” e reuniu autoridades como Marina Silva, Aloizio Mercadante e o embaixador Hanspeter Mock
Maior iniciativa mundial de combate ao desmatamento e à degradação florestal, o Fundo Amazônia recebeu neste domingo (9) um novo aporte financeiro da Suíça no valor de 5 milhões de francos suíços, o equivalente a cerca de R$ 33 milhões. A cerimônia foi realizada no auditório do Centro de Exposições Eduardo Galvão, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém, e integrou a programação preparatória para a COP30.
O evento marcou o lançamento da “Presença Suíça na COP30” e reforçou o histórico de cooperação científica entre a Suíça e o Museu Goeldi, instituição com quase 160 anos de atuação na Amazônia. O diretor do MPEG, Nilson Gabas Júnior, lembrou que ofereceu à Embaixada da Suíça a sede para suas atividades durante as discussões climáticas e, como contrapartida, o país apoiará a restauração da casa onde viveu o naturalista suíço Emilio Goeldi (1859–1917), dentro do próprio parque.
“Em um momento de grave ameaça à vida humana, o fortalecimento do Fundo Amazônia tem implicação direta na melhoria da qualidade de vida, no desenvolvimento e na proteção dos povos da floresta”, afirmou Gabas.
O embaixador da Suíça no Brasil, Hanspeter Mock, destacou que a doação busca “apoiar os esforços do Governo Federal e o fortalecimento das agências de controle e monitoramento que atuam na prevenção do desmatamento ilegal, na fiscalização ambiental e no combate a incêndios florestais”.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou que o Brasil alcançou uma redução de 50% no desmatamento e que o Fundo Amazônia “mudou de patamar”. Segundo ele, o volume médio de desembolsos, que era de R$ 300 milhões por ano, passou a R$ 1,5 bilhão. “Hoje, o fundo tem alguma semente plantada em 75% dos municípios da Amazônia, por meio de 650 entidades”, afirmou.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que o país é o único do mundo com compromisso nacional e internacional de zerar o desmatamento até 2030. “É impossível competir de forma justa entre quem protege a floresta e quem se organiza em redes criminosas para saqueá-la”, disse. Segundo ela, o combate ao desmatamento e às queimadas evitou, nos últimos três anos, o lançamento de mais de 700 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera.
O contrato de doação foi assinado por Mercadante, Marina Silva, Hanspeter Mock, Nilson Gabas Júnior e a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana. Também participaram da cerimônia representantes do governo brasileiro e estrangeiro, como Martin von Hildebrand, secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Reuniões e visitas oficiais
Pela manhã, antes da cerimônia, o diretor do Museu Goeldi recebeu a comitiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), chefiada por Inger Andersen, subsecretária-geral da ONU. A reunião tratou do projeto CITinova II, que visa promover o planejamento metropolitano integrado e investimentos em tecnologia urbana inovadora no Brasil.
Ainda no período da manhã, o ministro da Ecologia e Meio Ambiente da China, Huang Runqiu, visitou o Parque Zoobotânico, acompanhado de assessores e altos funcionários do governo chinês. A comitiva conheceu exposições e espaços da fauna e flora amazônica, manifestando interesse nas espécies locais.
Debate sobre povos e clima
No Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, o domingo também foi marcado pelos debates do espaço “Chico Mendes e Fundação Banco do Brasil”, que abordaram temas como a aliança dos povos tradicionais no enfrentamento da crise climática e os mecanismos de compensação e financiamento de projetos REDD+.
Lideranças como Ângela Mendes, presidente do Comitê Chico Mendes, e Joaquim Belo, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ressaltaram que as soluções para o clima passam pela valorização dos territórios coletivos e dos modos de vida das populações tradicionais.
“Quando falamos dos territórios, falamos de gente e de modos de vida que mantêm essa floresta viva. É isso que garante a preservação do planeta”, afirmou Joaquim Belo.
Na Estação Amazônia Sempre, pesquisadores e representantes de instituições nacionais e internacionais discutiram temas como restauração florestal, mobilidade urbana e resiliência nas cidades amazônicas.
A programação segue nesta segunda-feira (10) com a apresentação do projeto de restauração da Casa Goeldi, dentro da agenda “Road to Belém”, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi.
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