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COP 30 herda meta de mais de R$ 7 trilhões e discutirá como financiar ações climáticas até 2035

Especialista defende que meta só funciona se incluir parâmetros ambientais e climáticos pelos próximos anos

Maycon Marte

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que será realizada em Belém, herdará da conferência anterior, realizada em Baku, no Azerbaijão, a ambiciosa meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão (equivalente a cerca de R$ 7,4 trilhões) para financiamento climático até 2035. O novo desafio é definir como alcançar esse montante, considerando as demandas, resistências e prioridades de cada país envolvido, além da distribuição dos recursos entre ações de mitigação e adaptação.

Para o especialista em finanças climáticas Josué Tanaka, fundador do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (EBRD, na sigla em inglês), o financiamento só será viável se as políticas incorporarem critérios ambientais e climáticos desde sua formulação. Tanaka atua em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (ICS) na preparação para a COP 30, com foco nos temas financeiros.

A atenção a esses critérios deve estar presente, por exemplo, no funcionamento dos bancos multilaterais, considerados atores-chave no financiamento climático. Tanaka explica que, ao apoiar projetos, essas instituições devem garantir que as iniciativas estejam alinhadas com o Acordo de Paris, tratado internacional que busca manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC.

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A COP 30, que será realizada em Belém, herdará da conferência anterior, realizada em Baku, no Azerbaijão, a ambiciosa meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão para financiamento climático até 2035. O novo desafio é definir como alcançar esse montante, considerando as demandas, resistências e prioridades de cada país envolvido, além da distribuição dos recursos entre ações de mitigação e adaptação.

Os recursos deverão ser mobilizados principalmente a partir dos países desenvolvidos, que assumiriam o compromisso de subsidiar o desenvolvimento sustentável nos países emergentes. Mas outros investidores também precisam ser observados, a exemplo dos bancos e do próprio setor privado. Tanaka reforça que o foco da discussão deve estar no horizonte de dez anos proposto para o cumprimento da meta.

“O que a gente tem que tentar definir, em Belém, nesse famoso roteiro, de Baku à Belém, é essa noção do farol, da direção e como cada um poderia contribuir. Para ir do nível de finanças que a gente tem hoje ao nível requerido”, afirma.

Mitigação como prioridade

Segundo Tanaka, é urgente priorizar as estratégias de mitigação no momento de distribuir os recursos, a fim de evitar a elevação dos gastos com adaptação. A mitigação diz respeito à prevenção de desastres climáticos, enquanto a adaptação refere-se às medidas emergenciais adotadas após a ocorrência dos impactos.

“É evidente que na parte de mitigação a gente tem que agir o mais rápido e com maior impacto possível, porque, quanto mais lento for a ação de mitigação, mais rápido será o requerimento de adaptação. Isso, considerando impactos como o que vimos no Rio Grande do Sul no ano passado, mostra que essa conta está aumentando muito rapidamente. E, como em termos de recursos há muita pressão, você está tendo um ciclo onde a mitigação está lenta demais, o que resulta em um aumento do custo total do que deve ser feito”, explica.

Tanaka acredita que a COP 30 representa uma oportunidade decisiva para que essas negociações avancem. Sem um consenso sobre a mobilização de recursos, ele não vê possibilidade de progresso em ações concretas de prevenção ou resposta climática. E alerta: o fracasso nas negociações poderá provocar novos atrasos na agenda global.

Ainda assim, ele ressalta que os valores só serão mobilizados com o envolvimento dos principais atores financeiros. “É claro para todos que nós não vamos alcançar essa meta sem o setor privado. Outros investidores importantes são os bancos multilaterais de desenvolvimento, depois disso temos os países desenvolvidos e, após, as fontes paralelas como a do mercado de carbono”, enfatiza.

Federalismo climático

Na discussão sobre a responsabilidade pelo financiamento das ações climáticas, o gerente de política e arcabouço climático Walter de Simoni reforça a importância do federalismo climático. O termo corresponde à integração e coordenação de ações entre a União, os estados e os municípios no combate às mudanças climáticas. Para ele, mesmo com a captação bem-sucedida de recursos, a ausência de diálogo entre essas esferas comprometeria a eficácia dos projetos.

O principal problema, segundo Simoni, é a ineficiência resultante da adoção de soluções padronizadas, que não consideram as especificidades regionais. Ele defende que projetos climáticos eficazes precisam levar em conta a diversidade do país.

“Temos assimetrias gigantescas nas regiões, seja de recursos naturais, biomas, recursos humanos ou tecnológicos. O Brasil é muito diverso e esperar que uma coisa singular que saia de Brasília consiga se aplicar a todos os estados da mesma maneira é uma ficção científica”, afirma.

Tanaka e Simoni participaram do seminário "Socieconomia do Clima", promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), em parceria com o Encontro Mundial da Imprensa (E-mundi). Os temas foram abordados na oportunidade, assim como as discussões sobre a preparação para a COP 30.

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