Setor produtivo aposta em projetos sustentáveis e financiamento híbrido durante a COP 30
Representantes debateram os benefícios desses investimentos e divulgaram plataforma de captação
No segundo dia das atividades da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), nesta terça-feira (11), representantes do setor produtivo na Amazônia discutiram a importância dos investimentos em projetos sustentáveis na região. O debate aconteceu durante o painel “Desbloqueando o Financiamento Climático para Agrofloresta Regenerativa”, realizado na Zona Azul (Blue Zone). Além de defenderem projetos voltados, por exemplo, à regeneração de áreas degradadas, também divulgaram a plataforma Facility de Investimentos Sustentáveis (Fais), que auxilia na captação de recursos.
Na mesa de debate, o enviado especial do setor privado da Amazônia para a COP 30, Denis Minev, cumpre o papel de unir os interesses do setor aos diálogos da conferência, agindo como uma ponte entre ambos. Segundo ele, é possível transformar a economia da Amazônia por meio de instrumentos que também podem surgir ou ser trabalhados no encontro climático, a exemplo dos projetos de agricultura regenerativa e sistemas agroflorestais que pautaram o debate.
Minev estima que essa iniciativa tem o potencial de transformar cerca de setenta milhões de hectares de terra degradada e de baixa produtividade na Amazônia. “Se a gente consegue transformar essa terra degradada em terra de alta produtividade, então ganhamos o jogo e a Amazônia pode se tornar uma região próspera”, afirma o porta-voz.
“A minha pauta principal é contribuir para a transformação da economia da Amazônia em uma economia mais sustentável e mais próspera. Eu gostaria que nós fôssemos muito mais ricos e que tivéssemos muito mais Amazônia, e isso está possível com as tecnologias que nós já desenvolvemos”, avalia o enviado especial.
Apesar do cenário esperançoso, ainda existem desafios, sejam eles pequenos ou grandes, a serem enfrentados. Entre os obstáculos, ele lista a necessidade de aprender novas formas de produzir, buscar novas modalidades de financiamento, inclusive de longo prazo, além das questões sobre propriedade da terra.
União
Os esforços para lidar com as dificuldades de implementação dos projetos sustentáveis já começaram, em especial no campo do financiamento. O presidente da Federação das Indústrias de Rondônia, Marcelo Tomé, explica que todos os estados que integram a Amazônia Legal, por meio de suas respectivas federações de indústrias, estabeleceram uma união em prol desse desenvolvimento. O resultado dessa parceria é uma ação de investimentos em negócios sustentáveis na região, viabilizada com a ajuda da plataforma Facility de Investimentos Sustentáveis (Fais).
A plataforma existe para atrair capital de diferentes fundos, desde bancos multilaterais até investidores filantrópicos, com a finalidade de modelar essas novas soluções na região amazônica. Também por meio dessa plataforma, as federações oferecem assistência técnica para que os projetos recebam os recursos e possam ser implementados, aumentando a produtividade da região.
Tomé destaca que o papel desse esforço focado nas finanças híbridas é a melhor resposta para superar os problemas que afligem a região e dificultam o avanço do setor. Ele menciona desafios de naturezas distintas, como o desconhecimento tecnológico ou econômico de alguns setores, além de infraestrutura, questões agrárias, pesquisa, entre outros.
“A Amazônia oferece risco ao investidor e ao empreendedor, principalmente para quem vem de fora. Por isso, nós acreditamos que as finanças híbridas são a melhor resposta para superarmos o desconhecimento tecnológico ou econômico de alguns setores, ao mesmo tempo que, por meio dessas finanças, podemos superar os desafios que a região oferece, seja pela baixa qualidade da infraestrutura, pela logística de energia, pela necessidade de desenvolvimento e inovação, ou pela dificuldade de conectar os empreendimentos aos mercados consumidores, já que a distância não nos favorece, tirando parte da nossa competitividade”, defende Tomé.
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