‘Salões sustentáveis’ de Belém esperam faturar até R$ 300 mil com a COP 30
Com o evento climático internacional à vista, salões de beleza da capital paraense investem em práticas ecológicas e buscam conciliar estética e responsabilidade ambiental.
A poucas semanas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que terá Belém como sede, salões de beleza na cidade estão se reinventando. Inspirados pela crescente demanda por produtos e serviços mais sustentáveis, esses estabelecimentos apostam em mudanças profundas em suas operações.
Com investimentos em cosméticos naturais e práticas ecológicas, empreendedoras ouvidas pelo Grupo Liberal nesta quarta (22/10) esperam faturar até R$ 300 mil com o fluxo de visitantes da conferência.
Beleza limpa e regeneração amazônica
Ana Katia Vasconcelos, administradora de um salão no bairro de Nazaré, vê a conferência como uma oportunidade de valorizar o que é autêntico e sustentável na região amazônica:
"Estamos no meio da Amazônia, e é crucial que possamos refletir sobre nossas ações, especialmente considerando o impacto que causamos nesse bioma", diz ela.
Os salões sustentáveis, como o de Ana Katia, não apenas adotam cosméticos com alta concentração de matérias-primas naturais, mas também seguem práticas que minimizam o impacto ambiental.
"Temos produtos com até 98% de naturalidade. Eles são menos tóxicos e mais compatíveis com o corpo, oferecendo um diferencial no mercado", complementa.
Em termos de sustentabilidade, o salão implementou um sistema de compensação de carbono e reduziu o desperdício com embalagens biodegradáveis.
Transformação e novos horizontes
Manuella Barbosa, proprietária de um salão no bairro da Cremação, também se dedica à "beleza limpa" e compartilha a visão de que a COP 30 é um divisor de águas para a Amazônia.
"A conferência acelerou um movimento que já vinha acontecendo: a necessidade de alinhar propósito e respeito ao meio ambiente com a atividade comercial", afirma.
O salão dela utiliza cosméticos feitos com bioativos da floresta, como manteiga de cupuaçu e óleo de castanha. A redução de impacto não se limita aos produtos, mas também envolve práticas como reaproveitamento de água e compostagem de resíduos.
Para Manuella, embora o processo de transição para práticas mais verdes envolva custos iniciais — especialmente no desenvolvimento de produtos e na capacitação da equipe —, a transformação traz uma economia a longo prazo.
"Com a implementação de novos protocolos, já conseguimos reduzir o consumo de energia e água, além de diminuir o desperdício", diz.
E a resposta dos clientes tem sido positiva, com um aumento no faturamento e no valor médio dos serviços. "O público que busca nossa experiência valoriza tanto a estética quanto o propósito", afirma Manuella.
Custo, desafios e perspectivas de crescimento
Embora os investimentos iniciais sejam significativos — o salão de Ana Katia, por exemplo, exigiu um custo de cerca de R$ 400 mil —, a visão é de um retorno sustentável tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental.
Com a aproximação da COP 30, as expectativas são altas. Ana Katia espera alcançar um faturamento de R$ 300 mil até o final de novembro.
"Estamos preparando nosso espaço para receber turistas e participantes da COP 30, com uma equipe poliglota e maior presença nas redes sociais para aumentar nossa visibilidade", afirma.
Manuella compartilha uma visão otimista sobre o futuro da beleza sustentável em Belém. Ela acredita que a COP 30 vai colocar a cidade no centro das discussões sobre sustentabilidade, o que favorece o setor.
"O turismo sustentável, a gastronomia e a beleza terão grande destaque", prevê.
O desafio, no entanto, continua sendo o custo elevado de insumos sustentáveis e a necessidade de educar tanto consumidores quanto profissionais sobre a importância da mudança de hábitos.
Tratamentos personalizados variam de R$ 212 a R$ 684
O salão de Ana Katia Vasconcelos oferece uma linha de tratamentos personalizados que respeitam as necessidades do cabelo e evitam o desperdício de insumos.
“Nossos serviços variam de R$ 212, como o tratamento com aminoácido, até R$ 684, que é um tratamento de impacto para cabelos extremamente ressecados. Temos um especialista que realiza uma avaliação prévia para entender exatamente o que o cabelo precisa, evitando o uso excessivo ou desnecessário de produtos”, explica Ana Katia.
Os produtos do salão também seguem uma faixa de preço acessível, entre R$ 115 e R$ 350, mantendo o compromisso de oferecer qualidade sem abrir mão da consciência ambiental.
O futuro sustentável da beleza em Belém
Ambas as empresárias veem a COP 30 como uma oportunidade de ouro para transformar o setor de beleza na região. A transformação não é apenas de mercado, mas também cultural.
"A mudança de mentalidade é fundamental, tanto entre os clientes quanto entre os profissionais da área", destaca Manuella.
Para ela, a conscientização sobre o consumo consciente e os benefícios de produtos naturais tem sido um fator chave para o sucesso de seu salão.
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