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Rascunho do acordo da COP 30 é criticado por retirar combustíveis fósseis e desmatamento zero

Novo rascunho remove trechos sobre combustíveis fósseis e desmatamento zero e gera reação imediata de organizações ambientais

Gabi Gutierrez

A divulgação do novo rascunho do acordo da COP30, na madrugada desta sexta-feira (21), provocou forte reação da comunidade científica e de organizações ambientais. O documento suprimiu completamente a menção à eliminação dos combustíveis fósseis e retirou qualquer referência aos roadmaps prometidos para a transição energética e para o desmatamento zero até 2030 — pontos considerados centrais nas discussões da conferência em Belém.

Entidades que acompanham as negociações classificaram as mudanças como uma “traição”, uma “recusa histórica” e uma “lacuna inaceitável”.

Uma das reações mais contundentes veio do WWF-Brasil. Para Mauricio Voivodic, diretor-executivo da organização, embora o texto mantenha temas relevantes — como os direitos dos povos indígenas —, falha gravemente ao ignorar ações concretas contra os principais vetores da crise climática: os combustíveis fósseis e o desmatamento.

“É hora de maior ambição e seriedade dos negociadores para que alcancemos resultados concretos que nos coloquem de volta à rota do 1,5°C”, declarou Voivodic.

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Tatiana Oliveira, especialista em Clima e líder de Estratégia Internacional do WWF-Brasil, também criticou duramente o novo texto. Para ela, a retirada dos mapas do caminho para o fim dos fósseis e do desmatamento representa um grave retrocesso.

“A ausência total de texto sobre o fim da dependência aos combustíveis fósseis e, sobretudo, o desmatamento zero até 2030, é a recusa de uma tarefa histórica”, afirmou. Segundo Tatiana, a COP30 pode representar “a última oportunidade nas próximas décadas” para aprovar uma decisão com o nível de ambição que a ciência exige.

Ela também ressaltou a contradição de uma conferência sediada em plena Amazônia não apresentar compromissos firmes para a proteção da floresta.

“Uma COP realizada no coração da Amazônia que não traz uma mensagem clara e vinculante sobre a conservação de florestas envia um sinal profundamente preocupante ao mundo. (…) É uma chance perdida. E um regime climático que falha justamente quando tem a Amazônia diante de si corre o risco de comprometer sua própria credibilidade”, alertou.