'Não é possível negar a histórica contribuição dos povos indígenas', diz Sônia Guajajara na abertura
Ministra dos Povos Indígenas celebra a maior participação indígena da história das conferências climáticas e defende urgência nas ações globais contra a crise climática
No primeiro dia da COP 30 — a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou o protagonismo dos povos originários nas discussões sobre o futuro ambiental do planeta. Em entrevista ao Grupo Liberal, ela afirmou que a realização da conferência na Amazônia ampliou de forma inédita a presença indígena e representa “uma grande entrega” na luta por reconhecimento e participação nas decisões climáticas.
Participação histórica dos povos indígenas
Sônia Guajajara celebrou o fato de a COP 30, sediada em Belém, registrar a maior participação indígena de todas as conferências climáticas da ONU. Segundo a ministra, cerca de 3 mil indígenas estão alojados na Aldeia COP, enquanto 5 mil estão presentes na capital paraense e pelo menos 500 representantes indígenas do Brasil foram credenciados na Zona Azul — área oficial de negociações.
“Essa participação em si já é uma grande entrega, um espaço que se abriu aqui para que aumentasse a presença indígena. Estamos participando dos debates, trazendo a contribuição dos povos indígenas para o enfrentamento da crise climática”, ressaltou.
Anúncios e avanços na agenda climática
Durante a abertura da conferência, a ministra destacou anúncios importantes voltados ao reconhecimento dos territórios indígenas como medida de mitigação climática, além da criação de um mecanismo de financiamento climático com garantia de 20% dos recursos para repasses diretos aos povos indígenas.
“Estamos começando bem, estamos animados”, afirmou Sônia. “Esses avanços são fundamentais para assegurar que os povos indígenas tenham acesso direto aos recursos e possam seguir protegendo suas terras e a biodiversidade. Os líderes globais precisam entender a emergência que a gente já vive”
Apesar do tom otimista, Guajajara alertou para a urgência da ação climática e a necessidade de compromisso dos países desenvolvidos com medidas concretas. “São muitos os desafios. Precisamos que os líderes globais entendam a emergência que a gente já vive”, declarou.
A ministra reforçou que os povos indígenas têm sido guardadores históricos da floresta e que o mundo precisa reconhecer essa contribuição. “Não é possível negar a histórica contribuição dos povos indígenas com seus modos de vida, de proteger o território e a biodiversidade. E aqui estamos nós para apresentar isso ao mundo.”