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FIINSA COP30 destaca que o futuro da Amazônia depende de um capital que escuta o território

A programação destaca que o desenvolvimento sustentável da região só é possível quando o capital escuta e respeita o território.

O Liberal

Nesta segunda-feira (10), a programação do Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA COP30) começou em Belém com uma provocação direta: o futuro da Amazônia depende de um capital que saiba ouvir o território.

Realizado no campus do Centro Universitário do Pará (CESUPA), o evento reúne empreendedores, investidores, representantes de comunidades tradicionais e gestores públicos para debater como o investimento pode gerar impacto não apenas financeiro, mas também social, ambiental e cultural. A iniciativa é organizada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e pelo Impact Hub Manaus, com corealização do CESUPA, e integra a agenda de mobilizações da COP30, em Belém.

Capital que gera impacto real

O primeiro painel do dia, intitulado “Capital que alavanca impacto: como garantir resultados reais?”, propôs uma reflexão sobre o modelo econômico que chega à floresta. A conversa, mediada por Carlos Koury, diretor de Novos Negócios do Idesam, contou com Paulo Reis (Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia – ASSOBIO), Denis Minev (Bemol), Sandro Baré (Fundo Indígena Podáali), Marcia Soares (Fundo Vale) e Melissa Sendic (Climate and Land Use Alliance – CLUA).

O consenso foi claro: não há desenvolvimento sustentável sem diálogo com quem vive na Amazônia. “Não basta investir na Amazônia, é preciso investir com a Amazônia”, afirmou Sandro Baré, do povo Baré e diretor financeiro do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira (Podáali). Paulo Reis reforçou que o capital precisa reconhecer a diversidade dos territórios e modos de produção locais: “Não existe impacto real se o capital não dialogar com quem vive aqui. O desenvolvimento da Amazônia deve partir do território, respeitando a cultura, o tempo e o conhecimento das populações locais”. Para Melissa Sendic, o desafio é “alinhar a lógica financeira global à lógica da floresta viva”, entendendo que retorno e impacto caminham juntos quando o investimento respeita os modos de vida locais.

Inclusão e representatividade

O segundo painel, “Quem senta à mesa: equilibrando forças no ecossistema amazônico”, ampliou o debate sobre representatividade e protagonismo nos processos de decisão. Participaram Bruna de Vita (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima – MMA), Tatiana Schor (Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID), Noanny Maia (Cacauaré Amazônia), Taciana Coutinho (UFAM) e José Damasceno Karipuna (The Nature Conservancy – TNC), com mediação de Marcus Bessa (Impact Hub Manaus).

As falas convergiram para um ponto central: não existe sustentabilidade sem inclusão. “Equilibrar forças é permitir que quem produz na floresta tenha voz e espaço nas decisões sobre o futuro dela”, disse Noanny Maia. Bruna de Vita destacou que esse equilíbrio também precisa se refletir nas políticas públicas: “A bioeconomia amazônica só vai prosperar quando as políticas forem construídas com quem vive o território. A presença das mulheres, das comunidades e dos povos tradicionais nesses espaços é o que dá legitimidade ao processo”.

Belém como palco do futuro sustentável

O FIINSA COP30 segue ao longo do dia com painéis, rodas de conversa e feira de produtos da sociobiodiversidade, consolidando Belém como um dos palcos centrais do debate sobre o futuro econômico e ambiental da Amazônia.