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Em Belém, Lula detalha ações de segurança e novo fundo verde para florestas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de uma coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros realizada nesta terça-feira, 4

Fabyo Cruz

Durante coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros realizada nesta terça-feira (4/11), na Base Naval de Val de Cães, em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil está investindo em segurança pública e inteligência policial para garantir a tranquilidade da população e a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro na capital paraense.

Ao lado de ministros e autoridades locais, Lula destacou que o governo federal tem atuado no combate ao crime organizado com operações coordenadas em todo o país. Ele citou como exemplo a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus, criado para integrar informações estratégicas entre forças de segurança nacionais e internacionais. O centro conta com a participação da Polícia Federal, de representantes de nove países sul-americanos com fronteiras na Amazônia e da Interpol, com foco no enfrentamento ao narcotráfico e na proteção das delegações que participam da conferência.

“Estive em Manaus inaugurando o CCPI, um centro coordenado pela Polícia Federal com participação de policiais da América do Sul e da Interpol. É um espaço voltado para combater o narcotráfico e o crime organizado nas nossas fronteiras”, afirmou o presidente.

Lula também comentou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), assinado a pedido do governador Helder Barbalho (MDB), que autoriza o emprego das Forças Armadas em Belém, Altamira e Tucuruí entre 2 e 23 de novembro. O objetivo é garantir a segurança das delegações estrangeiras e proteger infraestruturas críticas como usinas, portos e aeroportos durante o período da conferência.

Além disso, o presidente mencionou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada ao Congresso Nacional, que busca integrar as esferas federal, estadual e municipal de segurança, com financiamento estável e padronização de dados. Ele destacou ainda o projeto de lei antifacção criminosa, que amplia penas e cria um banco nacional sobre organizações criminosas.

“Estamos trabalhando de forma muito forte para que a sociedade possa viver em paz e com tranquilidade”, declarou Lula.

Fundo Florestas Tropicais para Sempre

Na mesma entrevista, o presidente apresentou detalhes sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa que será lançada oficialmente durante a COP30. O mecanismo propõe recompensar financeiramente países que preservam suas florestas tropicais, transformando a conservação ambiental em investimento rentável, e não em simples doação.

Segundo Lula, o TFFF deve ser administrado por instituições como o Banco Mundial e permitirá que investidores — governos, fundos de pensão e empresas — apliquem recursos com retorno garantido. Parte dos lucros será destinada a países em desenvolvimento com grandes áreas de floresta preservada.

“Não queremos mais depender apenas de doações. Criamos o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, que será um investimento. É um fundo de ganha-ganha, que beneficia quem investe e quem preserva”, afirmou.

A iniciativa é liderada pelo Brasil e conta com a adesão de Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia, além do interesse de países investidores como Alemanha, França, Noruega, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos. A expectativa é que mais de 70 países possam receber recursos por meio do fundo, com monitoramento por satélite das áreas preservadas.

Lula defendeu ainda que o novo modelo pode impulsionar a bioeconomia amazônica, remunerando populações que vivem na floresta e atuam na conservação dos biomas. “É preciso levar energia, escolas e transporte para quem cuida da floresta. A bioeconomia pode ser a nova indústria mundial que surge a partir da COP30”, disse.

COP da Verdade

Ao se referir à conferência, o presidente afirmou que a COP30 deve ser a “COP da verdade”, marcada pela confiança na ciência e pela implementação efetiva das decisões climáticas. “Nós não queremos que a COP continue sendo uma feira de produtos ideológicos. Queremos que as decisões tomadas sejam executadas”, declarou.

A Cúpula dos Líderes da COP30, que abre os eventos oficiais nos dias 6 e 7 de novembro, reunirá mais de 50 chefes de Estado e 140 delegações estrangeiras em Belém.