COP Talks: pesquisadores debatem os desafios ambientais da Amazônia
Biólogo Luciano Montag e doutor em Desenvolvimento Urbano João Arroyo destacaram no 'COP Talks' a perda de espécies e a urgência de incluir todos os setores no debate sobre o futuro sustentável
O primeiro painel do COP Talks, evento promovido pelo Grupo Liberal na noite desta quinta-feira (25), foi dedicado ao tema "COP e os Desafios Ambientais da Amazônia". O biólogo e pesquisador Luciano Montag e o doutor em Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente João Arroyo trouxeram a perspectiva científica e a defesa de um diálogo inclusivo para enfrentar a crise climática e os desafios que se impõem à Amazônia, que sediará a COP 30. O debate foi mediado pela jornalista Nélia Ruffeil.
Luciano Montag trouxe o alerta máximo sobre a proximidade do "ponto de não retorno" — o tipping point —, que indica um colapso irreversível na Amazônia. O pesquisador apresentou evidências desse avanço, sobretudo no ambiente aquático. "Nós estamos perdendo espécies aquáticas e também terrestres que a gente nem conhece", afirmou, destacando que essa perda é silenciosa e não pode ser revertida.
Montag ressaltou que a degradação em algumas áreas é tão avançada que a recuperação se torna incerta, indicando que a recuperação florestal e de áreas degradadas é "extremamente importante para a Amazônia".
Diálogo para o "Ganha-Ganha"
O pesquisador João Arroyo destacou a importância singular de um evento como o COP Talks, que cria um diálogo "muito raro" entre setores. "Nós precisamos sentar numa mesa redonda mesmo. Academia, empresa, movimentos sociais, governos. Estamos no mesmo barco", alertou, defendendo que todos os atores precisam cooperar para evitar o colapso.
Ao ser questionado sobre a bioeconomia e o conhecimento tradicional na transição para a sustentabilidade, Arroyo foi enfático sobre o processo de mudança. "É importante ter essa percepção. É uma transição. Isso não acaba, nem começa na COP", disse, sublinhando que a conferência deve provocar a "pactuação de um novo projeto de sociedade". Segundo ele, essa transição precisa colocar a inovação no centro do debate. "Nós produzimos muito conhecimento, apesar de toda dificuldade", afirmou, reforçando a capacidade da região em gerar soluções.
Arroyo defendeu o desenvolvimento da "inteligência da sustentabilidade", que é a capacidade de dialogar para a construção de um cenário de "ganha-ganha". "Se tiver alguém que perde, esse que perdeu vai puxar para baixo, de algum jeito. Então, se a gente não pode ter quem perca, nós temos que incluir, e nós temos muito para incluir", enfatizou, ressaltando a necessidade de inclusão como pilar da sustentabilidade.
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