COP 30 será estendida até sábado, segundo pesquisador
Após o incêndio na Blue Zone, Carlos Nobre avalia que atraso nas negociações pode levar a conferência até fim de semana em Belém
O climatologista e professor Carlos Nobre avalia que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) pode se estender até sábado (22/11), apesar de o encerramento oficial seguir previsto para esta sexta-feira (21). Ele analisa que, após o incêndio registrado nesta quinta-feira (20), ajustes na agenda não estão descartados.
Em entrevista exclusiva ao O Liberal, Carlos Nobre comentou tanto o incêndio ocorrido na Blue Zone quanto o andamento das discussões climáticas. Para ele, a prorrogação das negociações é um cenário provável diante da complexidade das pautas em debate. “Vamos torcer para que haja prorrogação. Provavelmente os países terão que continuar no sábado e vamos torcer para que se chegue a um acordo de todos os países para combater a superemergência climática em que vivemos”, afirmou.
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O pesquisador destacou que o incidente afetou diretamente o ritmo das deliberações. “É lógico que ninguém previa a ocorrência desse fogo. Eu não me lembro de nenhuma COP que teve fogo, e isso atrasa a conferência. Parou pouco antes das 14h. Então os negociadores ficaram mais de seis horas, quase sete, sem trabalhar. O segundo dia antes do fim da COP era importantíssimo para avançar nas negociações”, explicou.
Sobre o conteúdo das discussões, Nobre afirmou que há consenso crescente sobre a necessidade de zerar o desmatamento até 2030 em todos os países com florestas tropicais. Segundo ele, a maior parte das nações já se manifestou favoravelmente à meta.
Ele também comentou a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acelerar a redução do uso de combustíveis fósseis. “O presidente Lula trouxe novamente a necessidade de acelerar muito o abandono dos combustíveis fósseis. E existe uma dúvida se muitos países irão concordar”, disse.
Nobre explicou que o pavilhão de ciência planetária entregou aos negociadores e ao presidente Lula documentos defendendo uma redução ainda mais rápida. “Para não termos o que chamamos de ecocídio, um suicídio ecológico para o planeta, precisamos acelerar demais e zerar o uso de combustíveis fósseis. Nosso documento mostra claramente que precisamos zerar idealmente até 2040 e não mais que 2045”, afirmou.
O pesquisador alertou que 2024 registrou recorde de emissões globais, reforçando a urgência do compromisso. “A partir do ano que vem, todos os países precisam começar a reduzir as emissões”, concluiu.
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