COP 30 entra na fase decisiva com impasses sobre adaptação, financiamento e metas climáticas
Após uma primeira semana dominada pelos debates técnicos, os temas centrais da conferência chegam agora à mesa dos ministros com vários pontos ainda sem consenso.
Nesta terça-feira (18) começa o segundo dia da semana decisiva da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada pela entrada oficial das negociações no nível ministerial. Após uma primeira semana dominada pelos debates técnicos, os temas centrais da conferência — adaptação, financiamento climático e ampliação das metas nacionais — chegam agora à mesa dos ministros com vários pontos ainda sem consenso.
O principal impasse recai sobre a Meta Global de Adaptação (GGA), um dos mandatos legais da COP30 e considerado um dos resultados mais esperados da conferência. Avaliado em um rascunho que propõe cerca de 100 indicadores, o texto segue sem acordo. O Grupo Africano, apoiado por países árabes, pressiona para estender por mais dois anos o trabalho técnico, o que adiaria a decisão final para 2027.
Outro tema que deve dominar as negociações é a proposta de ampliação das NDCs — as metas climáticas nacionais previstas no Acordo de Paris. A iniciativa é liderada pela Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), que tenta incluir o assunto na agenda formal de decisões, denunciando lacunas de ambição dos grandes emissores.
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Em paralelo, avança o debate sobre financiamento climático, ponto sensível da conferência. A presidência brasileira reforçou a urgência de que países desenvolvidos cumpram o Artigo 9.1 do Acordo de Paris, que determina o apoio financeiro aos países em desenvolvimento. O tema se conecta diretamente ao Mapa do Caminho Baku–Belém, iniciativa que circula nas reuniões paralelas e que busca mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035.
A transição energética e o combate ao desmatamento — bandeiras defendidas pelo governo brasileiro — seguem como temas politicamente fortes, mas com pouca materialização nos textos negociais divulgados até agora. Há pressão de especialistas e da sociedade civil para que os “mapas do caminho” para zerar o desmatamento e reduzir o uso de combustíveis fósseis sejam incorporados nas decisões.
Também segue para análise dos ministros o texto do Programa de Trabalho de Transição Justa, herdado da COP29. O G77+China quer garantias de financiamento para políticas sociais e geração de empregos verdes. Já o grupo Umbrella, formado por países desenvolvidos, prefere um foco mais restrito, baseado em troca de conhecimento técnico.
No campo dos avanços, o Fundo das Nações Unidas para Perdas e Danos, criado na COP27, abriu sua primeira chamada de projetos no dia 10, com um aporte inicial de US$ 250 milhões e desembolsos previstos para 2026.
Com a conferência se aproximando do encerramento, as delegações iniciam agora a fase mais complexa da COP30, em que textos fragmentados e disputas antigas precisam convergir em decisões consensuais até o dia 21 de novembro.
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