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Brasil terá protagonismo nas decisões sobre o TFF, afirma Marina Silva

Durante a coletiva, Marina também apresentou números recentes sobre o combate ao desmatamento e aos incêndios no Brasil

Eva Pires | Especial para O Liberal

Durante coletiva realizada nesta sexta-feira (31), em Brasília, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o Brasil e os demais países detentores de florestas tropicais terão voz ativa na definição das prioridades do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFF), mesmo com a gestão interina sob responsabilidade do Banco Mundial.

“O Banco Mundial não vai definir as prioridades, ele é um operador. No caso do Fundo Amazônia, nós temos o Comitê Orientador (Cofa), que estabelece as prioridades, cria os mecanismos e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) opera o fundo. No caso do TFF, os países elegíveis criarão regras nacionais, em conformidade com padrões comuns, mas não será o banco que tomará essa decisão”, explicou Marina.

Ela destacou que o modelo do TFF difere de outros mecanismos de doação, nos quais os países doadores têm predominância sobre as decisões. “Aqui, quem define são os critérios estabelecidos, com a vantagem de que já sabemos que 20% dos recursos serão destinados a povos indígenas e comunidades locais, independentemente do país. Portanto, o TFF não perde o controle por parte dos países beneficiários e doadores por estar operado por um banco”, afirmou. 
Marina ressaltou ainda que a principal vantagem de o Banco Mundial ser o operador está em na classificação financeira “triple A” (títulos financeiros com a mais alta classificação de crédito), o que viabiliza a estrutura do fundo dentro de uma lógica de mercado, garantindo recursos não reembolsáveis para conservação florestal.

O embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, completou que a governança do TFF é provisória e composta por um comitê de direção formado por seis representantes de países detentores de florestas tropicais e seis potenciais investidores, o que assegura equilíbrio entre beneficiários e financiadores.

Queda no desmatamento e incêndios

Durante a coletiva, Marina também apresentou números recentes sobre o combate ao desmatamento e aos incêndios no Brasil. Segundo ela, o governo Lula mantém o compromisso de alcançar desmatamento zero até 2030. Em comparação com 2024, houve redução de 11,8% no desmatamento da Amazônia e 11% no Cerrado. Em relação a 2022, a queda acumulada chega a 50%, o que representa, segundo a ministra, “um avanço histórico”.

Marina explicou que o país teria atingido a menor taxa de desmatamento já registrada se não fosse o aumento de queimadas provocadas pela degradação ambiental e pelas mudanças climáticas. Ainda assim, o Brasil reduziu em mais de 50% os incêndios florestais em todo o território nacional, o que impediu a emissão de mais de 700 milhões de toneladas de CO₂. “Essa é uma contribuição altamente significativa no contexto da COP 30”, afirmou.

A ministra destacou que o Brasil é o único país que assumiu formalmente o compromisso de zerar o desmatamento até 2030. Nas discussões da Cúpula do Clima de Belém, segundo ela, haverá especial atenção ao papel das florestas e dos oceanos — incluindo os manguezais — no equilíbrio climático global, além de painéis voltados à transição energética e ao fortalecimento da cooperação internacional para a ação climática.