Bioeconomia: alunos transformam resíduos em produtos sustentáveis, na capital paraense
Os alunos já produziram biofertilizantes e vinagres naturais a partir de resíduos de café, açaí, abacaxi, laranja e outros alimentos
A Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará Vilhena Alves, localizada no bairro de São Brás, em Belém, desenvolve diversos projetos ligados à bioeconomia, à sustentabilidade e à ecoinovação, com a participação dos alunos. Entre os projetos, estão a "Incubadora de Produtos e Serviços da Bioeconomia Amazônica" e o "Recicle + Óleo", iniciativas que reaproveitam resíduos para gerar produtos sustentáveis. Ambos os projetos estão alinhados com a COP 30, que será realizada na capital paraense em novembro de 2025.
A coordenadora da "Incubadora de Produtos e Serviços da Bioeconomia Amazônica", Kátia Garcez, explica que o objetivo do programa – iniciado em 2022 – é promover e apoiar as ideias dos estudantes, ampliando o aprendizado e possibilitando um caminho no empreendedorismo.“O objetivo é trabalhar as experiências dos alunos que desenvolvem projetos na escola, dar visibilidade e apoio para que eles tenham, além da matriz curricular, uma vivência que os prepare para o mercado de trabalho”, afirma.
No projeto, oito alunos – dos cursos técnicos de Meio Ambiente, Informática e Administração – atuam no reaproveitamento de resíduos naturais para a confecção de produtos sustentáveis. Já foram desenvolvidos dois biofertilizantes, a partir de resíduos de açaí e café; perfumes da Amazônia, feitos com ervas regionais; e vinagres obtidos de resíduos da laranja, do abacaxi, do cacau e da banana.
Da escola ao mercado de trabalho
Os produtos são elaborados na Escola Técnica e comercializados em feiras, eventos, congressos e seminários, e a renda é revertida para a manutenção do programa. Contudo, uma das ideias do projeto é incentivar o aluno a dar sequência na produção dos produtos e atuar profissionalmente no empreendedorismo ligado à bioeconomia. “Alguns alunos já nos procuraram com interesse em transformar essas experiências em negócios no mercado verde. Uma aluna, por exemplo, teve o produto aprovado em laboratório e o pai está querendo comprar os materiais para ela dar sequência na produção em casa”, relata a coordenadora.
Relação do projeto com a COP 30
Segundo Kátia Garcez, a iniciativa está alinhada com a COP 30 porque contribui para a preservação ambiental e pode gerar emprego e renda a partir da bioeconomia.
“O projeto está em sintonia com as agendas da COP 30 ao destinar valor aos resíduos das principais cadeias produtivas da Amazônia, como cacau, açaí e abacaxi, as quais produzem resíduo. O que fazemos é contribuir com o meio ambiente ao eliminar os resíduos que iriam para os lixões, dando um destino final, agregando emprego e renda”, reforça.
Reaproveitamento de óleo
Outro projeto desenvolvido na Escola Técnica Vilhena Alves é o "Recicle + Óleo", o qual visa reaproveitar óleos que seriam descartados em produtos de limpeza, como sabão em barra, sabão líquido, limpa-alumínio, sais de banho, sais para os pés, entre outros produtos.
O processo de transformação do óleo é conduzido por 12 estudantes da instituição, sob a coordenação da professora de química Alessandra Lima. Os itens produzidos são comercializados e o valor é revertido para manter o projeto em funcionamento. Além disso, o sabão em barra é utilizado dentro da própria Escola Técnica. “O sabão em barra, por exemplo, é usado para lavar a louça da merenda escolar. Temos uma escola com 21 salas de aula, funcionando em três turnos, então é muita louça gerada”, explica a professora.
Alessandra Lima destaca que a iniciativa também está alinhada com a COP 30, pois contribui para reduzir impactos ambientais. “Quando reaproveitamos o óleo, deixamos de poluir e ajudamos a combater problemas ambientais que são muito graves em nossa região”, afirma.
A estudante Paula Pereira da Silva, de 17 anos, participa há um ano do projeto e vê nele uma oportunidade de crescimento profissional e de propagação de conhecimento.
“Isso engrandece não só profissionalmente, mas também incentiva outras pessoas a ajudar o meio ambiente. Além disso, ajudo meus colegas de primeiro ano, mostrando que esse trabalho é bom para a sociedade e fortalece nosso aprendizado e bem-estar coletivo”, ressalta.
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