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Belém vive clima de alta temporada com chegada de turistas para COP 30

A poucos dias do início oficial da COP30, que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro, a capital paraense experimenta um aumento expressivo na presença de turistas, ativistas e profissionais de diversos países

Fabyo Cruz

Belém já sente o reflexo da movimentação global em torno da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). A poucos dias do início oficial da conferência, que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro, a capital paraense experimenta um aumento expressivo na presença de turistas, ativistas e profissionais de diversos países. Locais como a Estação das Docas e o Porto Futuro II tornaram-se vitrine dessa nova fase, onde o turismo, a gastronomia e a economia local começam a se entrelaçar de forma intensa.


O governo estadual estima que cerca de 60 mil visitantes circulem por Belém durante o evento — um número que já se reflete no movimento dos principais pontos turísticos da cidade. Restaurantes, quiosques de comidas regionais e lojas de artesanato registram crescimento nas vendas e ampliam suas equipes para atender à demanda, conforme disseram comerciantes ouvidos pela reportagem.

“Belém ganhou um presente com a COP30”, afirma Nazareno Alves, empreendedor do ramo do açaí há 22 anos e responsável por um restaurante no Porto Futuro II. Ele destaca que o espaço, revitalizado recentemente com foco na recepção de turistas, vive dias de grande movimento. “Desde o primeiro dia em que abrimos, o sucesso foi imediato. Trabalhamos direto, das dez da manhã às dez da noite. O público é diverso, tem gente de outros estados e de vários países”, conta.

Nazareno se preparou com antecedência para o período de alta temporada. Com o apoio de uma linha de crédito estadual, ele ampliou o negócio, contratou até 40 novos funcionários e reforçou os estoques de insumos como camarão, peixe e farinha. O empreendedor também apostou na tradução do cardápio para quatro idiomas — inglês, francês, espanhol e alemão — e no treinamento da equipe para atender visitantes estrangeiros.

“O turista chega sabendo o que quer. O tacacá e o açaí já são conhecidos no mundo todo, e a música da Joelma ajudou a popularizar ainda mais. Eles vêm procurando esses sabores e se encantam com a nossa comida regional”, diz. Ele acrescenta que o evento coincide com o período da safra do açaí, o que garante produtos frescos e preços mais acessíveis. “Estamos vivendo uma fase muito boa. Geramos emprego e renda, e estamos prontos para o maior evento da história recente de Belém”, contou.

Entre os visitantes, o entusiasmo é evidente. Rafaela Machado, turista de São Paulo, chegou à capital com a Aliança dos Povos pelo Clima, grupo formado por ativistas, quilombolas, indígenas e ribeirinhos que viajaram de barco desde Santarém até Belém. “Foi uma viagem simbólica, unindo diferentes povos e países em defesa da floresta. Aproveitamos para conhecer Belém e sua história. É uma cidade muito bonita, com uma cultura riquíssima”, afirma.

Rafaela conta que visitou o Mercado Ver-o-Peso, onde comprou perfumes e artesanatos locais, e provou o tradicional peixe com açaí. “É um sabor muito particular, diferente de tudo que a gente tem no Sudeste. Eu recomendo a visita e quero levar lembranças para os amigos que nunca vieram à Amazônia”.

O mesmo encantamento é compartilhado por Arthur Xavier, turista de Maceió (AL), que está em Belém a trabalho. Nos intervalos, ele aproveita para conhecer os principais pontos turísticos e experimentar a culinária amazônica. “A gente não podia vir pra cá sem provar o tacacá. Também comi a unha de caranguejo e tomei suco de cupuaçu. É tudo muito saboroso, e o sabor daqui é diferente — o original é outra coisa”, diz.

A presença crescente de visitantes é percebida também na Estação das Docas, cartão-postal da cidade. Restaurantes e bares à beira da Baía do Guajará registram filas e mesas cheias desde o fim de semana anterior à Cúpula dos Líderes, que ocorre entre 6 e 7 de novembro. A expectativa é que o fluxo aumente ainda mais durante a conferência principal, com delegações oficiais, ambientalistas e comunicadores de todo o mundo desembarcando na capital paraense.