Açaí está fora do cardápio da COP 30 em Belém; entenda
Recomendação consta em edital para escolha de restaurantes fornecedores das refeições para o evento global em novembro

Nada de açaí e pouquíssima carne vermelha. Essas duas regras fazem parte das exigências para a seleção dos restaurantes que vão servir refeições durante a COP 30 (30ª Conferência Mundial sobre a Mudança do Clima), em Belém, em novembro deste ano.
O documento com as orientações foi divulgado, esta semana, pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI). A entidade, que firmou acordo com o governo federal, é responsável pelas contratações para o evento.
Segundo a OEI, as restrições seguem “diretrizes técnicas rigorosas” e visam “assegurar a saúde” dos participantes. A redução do consumo de carne vermelha, por exemplo, está prevista no manual de realização da conferência elaborado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).
Um ponto curioso é que, ao mesmo tempo, há recomendação para que operadores de restaurantes e quiosques deem prioridade a alimentos regionais. Pelo menos 30% dos ingredientes usados nos cardápios devem ser locais ou sazonais.
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Risco da doença de Chagas excluiu o açaí
Entre os alimentos proibidos, está o açaí, que, segundo a OEI, apresenta “risco de contaminação por Trypanosoma cruzi [causador da doença de Chagas], se não for pasteurizado”. A proibição vale para todas as formas de consumo, mesmo pasteurizadas. Tucupi e maniçoba, outros produtos tradicionais da região, também estão na lista.
Ao todo, 87 estabelecimentos vão fornecer refeições para a COP 30, sendo 50 na Blue Zone e 37 na Green Zone. A venda de pratos, lanches e bebidas ocorrerá de 3 a 28 de novembro.
As empresas selecionadas deverão oferecer opções veganas, vegetarianas, sem glúten e sem lactose, além de atender a restrições religiosas, como alimentos halal e kosher. Também precisarão priorizar refeições à base de plantas, com vegetais, legumes, frutas e grãos, e incentivar a redução gradual do consumo de produtos de origem animal, com atenção especial à carne vermelha.
Fornecedores devem informar origem dos produtos
Outra exigência é que ao menos 30% do valor total dos insumos venha da agricultura familiar. Para comprovar isso, os operadores de restaurantes e quiosques terão que informar a procedência dos produtos.
Os preços finais dos pratos deverão ser acessíveis e passarão por avaliação da OEI. A venda de bebidas alcoólicas será permitida apenas entre 15h e 21h, e exclusivamente em pontos autorizados.
Na elaboração dos cardápios, cada tipo de estabelecimento terá regras específicas quanto a pratos principais, entradas e opções disponíveis. As culinárias previstas incluem:
- VIP Internacional;
- VIP Brasileira/Regional;
- Italiana;
- Vegana/Vegetariana;
- Pan-americana;
- Brasileira e Regional.
Pesca artesanal e agricultura familiar devem ser priorizadas
Nos restaurantes VIPs, o atendimento será à la carte, com prioridade para técnicas e temperos autênticos, apresentados de forma contemporânea ou tradicional refinada. Nos espaços de culinária brasileira, recomenda-se evitar espécies ameaçadas e privilegiar a pesca artesanal e produtos da agricultura familiar. Em alguns quiosques, a orientação é “evitar carne vermelha” em salgados, snacks, tapiocas e outras refeições individuais prontas.
Lista de produtos proibidos no evento:
- Maionese;
- Ostras cruas e carnes malpassadas;
- Sucos de fruta in natura;
- Molhos caseiros;
- Bebidas abertas e sem nota fiscal;
- Leite cru e derivados não pasteurizados;
- Doces caseiros com cremes ou ovos sem refrigeração;
- Gelo artesanal ou não industrializado;
- Alimentos preparados com antecedência e fora de refrigeração;
- Produtos artesanais sem rotulagem ou registro sanitário.
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