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Maior conhecimento é caminho para preservação de espécies na Amazônia

Projetos de reflorestamento também são caminho para recuperar áreas degradadas e reverter os cenários de ameaça

O Liberal

A Amazônia é um território tão rico em biodiversidade quanto ainda pouco conhecido pela ciência. Por isso, de acordo com pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, não é possível mensurar atualmente, de forma exata, quantas espécies de animais e plantas podem estar ameaçadas de extinção a cada desmatamento ou degradação de áreas de fauna e vegetação muito específicas da região, o que significa que são locais que se destruídos podem representar o fim de algumas espécies.

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No Estado do Pará, o levantamento mais recente da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), divulgado em 2009, registra uma relação de cerca de 200 espécies de plantas e animais ameaçadas. Entre os vegetais estão espécies como Pau-Rosa, Pau-Roxo, Jaborandi, Cipó-Titica, Ipê-Roxo e Mogno. Já entre os animais, figuram espécies como Peixe-boi-da-Amazônia, Onça-pintada, Lontra, Tamanduá-bandeira, Papagaio-campeiro, Arara-azul-grande, Macaco-caiarara e Tatu-canastra. A lista foi realizada no mesmo período de criação do Programa Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção - Programa Extinção Zero, do Governo do Pará.

Os cientistas Pedro Viana e Ulisses Gallati, pesquisadores do Museu Emílio Goeldi e coordenadores das áreas de Botânica e Zoologia, respectivamente, explicam que as espécies que promovem rendimento econômico e as que são encontradas em áreas geográficas limitadas são as que mais possuem probabilidade de extinção.

“Espécies como o Mogno e o Pau-Rosa, que possuem grande interesse econômico, sem dúvida, são os que acabam atraindo maior procura e viram alvo mais recorrente. O outro aspecto que destaco são o das espécies que encontram-se em áreas restritas, como a região da Volta do Xingu, por exemplo. Na região de Carajás, há 38 espécies catalogadas que só tem lá. Em locais onde há grandes investimentos, como os da área de mineração e de implementação de hidrelétricas, é onde há grande risco para as espécies nativas”, aponta o biólogo Pedro Viana.

De acordo com o coordenador de Pesquisas em Botânica, está em fase de articulação um projeto do Museu Emílio Goeldi em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e de Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) para realizar uma pesquisa que resulte em dados atualizados sobre as espécies da Amazônia. “Não sabemos muito sobre as espécies que temos, nosso conhecimento ainda é muito incipiente. Quando há um desmatamento, quando determinada parte de uma floresta é degradada, não sabemos ao certo se alguma espécie pode ter sido extinta”, afirma.

O zoólogo Ulisses Gallati, que é especialista em anfíbios, também defende a ideia de que o maior risco de extinção de uma espécie ocorre quando há a perda ou remoção de um habitat. “Espécies de hábitos estritamente florestais, com distribuição geográfica restrita e baixa fecundidade estão sob maior ameaça”, explica. Segundo ele, no caso dos anfíbios, há as espécies que estão mais adaptadas aos ambientes urbanos e as que são beneficiadas por programas de proteção. “O anfíbio Dendrobates tinctorius tem boa parte da sua distribuição dentro de áreas protegidas na Amazônia brasileira, na região da Calha Norte (região ao norte das calhas dos rios Solimões e Amazonas)”, exemplifica. Onça-pintada, Gavião-real e Peixe-boi-da-Amazônia, segundo o pesquisador, são exemplos de animais que estão ameaçados pelo retorno financeiro aos que os caçam e também pela baixa fecundidade, no caso específico do Peixe-boi.

Reportagem