MENU

BUSCA

Obrigado, Olavo!

Silvio Navarro

A morte do filósofo e escritor Olavo de Carvalho nesta semana incendiou as redes sociais. Manifestaram-se diversos seguidores, alunos, acadêmicos de direita e esquerda – estes últimos, alguns pensadores que respeitam o debate sadio de ideias – mas, sobretudo, hatters, esta espécie dos novos tempos que sobrevive da disseminação do ódio e da cultura abjeta do "cancelamento".

Olavo era, indiscutivelmente, brilhante. Seus livros e as aulas ficarão para a História e ainda hão de influenciar gerações mais maduras do que a maioria dos atuais frequentadores de universidades. Mas era também uma personalidade polêmica, seja pela franqueza, o humor ácido ou a falta de tolerância com alguns idiotas. Por isso, foi arduamente perseguido ao longo de anos, especialmente na internet, onde descobriu muito cedo se tratar de praça de guerra.

Nesta terça-feira, 25 de janeiro, adversários dos seus argumentos – e muitos que nunca sequer leram suas obras – tripudiaram de sua morte. Ao contrário de Olavo, que cobrava de seus alunos que lessem incansavelmente textos marxistas para compreendê-los antes de criticá-los, a esquerda e seus satélites oportunistas preferem queimar seus livros e fuzilá-lo na internet. Motivo: ele foi rotulado pela imprensa como "guru do bolsonarismo" e isso já basta.

"Sua influência vai se tornar cada vez maior. Não adianta comemorar sua morte. Essas pessoas terão de aceitá-lo e estudá-lo na academia", afirma o cineasta Josias Teófilo, autor do filme 'O jardim das aflições', sobre o filósofo.

Por exemplo: é claro que ninguém poderia esperar nada inteligente do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que encontrou na pandemia uma janela para tentar lavar sua biografia de denúncias por vários crimes, mas era o caso de uma publicação como essa? "Olavo de Carvalho negou o vírus, escarneceu dos mortos, não se vacinou, morreu do vírus e será sepultado na Terra redonda". Ou ainda o youtuber Felipe Neto: "Olavo é um dos grandes responsáveis pelo mar de lama no qual nos afundamos. É o guru de toda essa turma violenta e odiosa".

A eles soma-se uma série de anônimos – alguns nem tanto – que sentem necessidade de extravasar suas frustrações diuturnamente e perseguir quem pensa fora de sua própria bolha. E isso não é exclusividade da esquerda. Em 2015, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi hostilizado no saguão de um hospital em São Paulo quando acompanhava sua mulher com câncer. Também houve quem festejasse a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia ou o anúncio de que Lula e Dilma Rousseff teriam de enfrentar tratamentos severos de saúde.

Comportamentos como esses são reveladores do caráter e dos valores morais de uma parcela considerável de cidadãos. Enquanto isso não mudar, não há como esperar por uma civilização melhor. Mas, como disse Olavo de Carvalho, "ser odiado por multidões de ignorantes é o preço de não ser um deles".

Obrigado, Olavo!

Silvio Navarro