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SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

O país dos 'descondenados'

Silvio Navarro

Ao longo de sete anos, a operação Lava Jato e seus braços espalhados por tribunais do País levaram à prisão de centenas de corruptos com ou sem mandato no Brasil. Para muitos, sua longevidade, ainda que com perda gradual de energia, foi um divisor de águas na luta contra a impunidade no País – quiçá, de um futuro melhor, sem malas rodando por aí com dinheiro sujo. Não foi o que aconteceu.

Nos últimos anos, especificamente depois do golpe contra a prisão após segunda instância, os bandidos de ontem têm voltado às ruas semana a semana – alguns, inclusive, com plena desenvoltura. Ao todo, já são 277 anos de condenações anuladas, segundo levantamento recente do jornal O Estado de S.Paulo. A lista de beneficiários inclui políticos da laia do ex-ministro José Dirceu, dos ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves e grande elenco. Trata-se de uma casta para quem o crime parece ter valido a pena.

Onde tudo isso começou? Justamente com a desmoralização da Lava Jato nos tribunais superiores, especificamente do ex-juiz Sergio Moro. O roubo de mensagens trocadas entre ele e a tropa de elite do Ministério Público em Curitiba custou caro. Foi uma espécie de gota d'água para o Supremo Tribunal Federal ceder às pressões de políticos graúdos e empresários poderosos e implodir as investigações – como no passado já ocorrera com outras, por exemplo a Castelo de Areia ou ainda a Zelotes, que não se ouve mais falar.

O Judiciário ainda devolveu à política aquele que pode ser um dos principais personagens da próxima eleição, o ex-presidente Lula. O STF lhe concedeu um atestado de antecedentes criminais para andar por aí e – por que não? – disputar a Presidência da República.

Os dois pedalinhos com os nomes dos netos do petista ainda estão no sítio em Atibaia que ele diz não ser dele. Assim como seus advogados querem receber R$ 800 mil da construtora OAS pelo triplex no litoral paulista, que também não é dele. E o petrolão? Tampouco foi dele, a ponto de rasgar as páginas da História com a pergunta: "O que foi que eu roubei?"

Do pouco que se pode afirmar sobre a corrida eleitoral do ano que vem, é fato que a Lava Jato estará na campanha. Sergio Moro será candidato, pelo menos até a segunda ordem. Seu escudeiro em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol concorrerá a uma vaga no Congresso. Tampouco será surpresa se outros lavajatistas aparecerem até lá. No outro canto do ringue, Lula usará da desfaçatez habitual para tentar convencer um país sem memória de que foi vítima de uma conspiração para frear o projeto de poder do PT, algo que para ele as urnas jamais fariam. Resta ainda o presidente Jair Bolsonaro, a quem os rivais acusam de ter jogado a pá de cal na Lava Jato.

Enquanto eles brigam, uma centena de "descondenados" dá de ombros e ri diante da impunidade recuperada.

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Silvio Navarro
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