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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Pará e o sofrimento com a expansão da covid-19. Ciência e fé podem amenizar as dores

Rodolfo Marques

Hoje, em mais um texto extra a respeito das questões políticas no cenário da pandemia Covid-19, será feita uma abordagem tratando, especificamente, da questão do Pará, em seus desdobramentos no contexto do sofrimento das pessoas – a variável mais grave do processo que o mundo vive hoje. Esse texto é uma sugestão de uma amiga e leitora deste espaço.

O Pará sofre, nesse período de pandemia, um dos piores momentos de sua história. Com grandes dimensões territoriais – com pouco mais de 1 milhão e 240 mil quilômetros quadrados – e uma população estimada em 8 milhões de pessoas, os desafios de gestão são enormes, ainda mais em uma crise sanitária mundial, sem precedentes.

O estado, com uma série de políticas públicas, lideradas pelo governador Helder Barbalho (MDB), iniciou bem a sua luta contra a expansão do vírus. O primeiro caso no Pará foi registrado em 18 de março e as medidas de isolamento foram adotadas, com normas e decretos para manter, ao máximo, o distanciamento social. Parcerias com outros países para a compra de equipamentos também foram realizadas, foram montados hospitais de campanha e leitos de UTI foram criados, além da presença efetiva do chefe do executivo estadual nos canais de comunicação.

Todavia, com o andamento das semanas, a partir das mensagens da presidência da República desautorizando a quarentena e pela própria falta de suporte financeiro das famílias, em especial às que não têm trabalho formal, o isolamento social foi sendo desrespeitado e o número de casos de contaminações e óbitos “dispararam” no Pará, deixando-o em uma situação próxima ao que ocorre no estado do Amazonas, onde já há o colapso do sistemas de saúde (público e privado) e funerário. Até esta segunda-feira (4), o Pará registrava mais de 4 mil casos oficiais de covid-19 e um número próximo de 300 mortes – gerando um índice de letalidade muito alto. E o pior: para além dos números alarmante, a doença passou a ter rostos e nomes, aumentando a dramaticidade para as famílias. É importante registrar, também, que o Brasil como um todo enfrenta o “fantasma” das subnotificações, o que torna o cenário ainda mais preocupante.

O Pará está recebendo novos respiradores e equipamentos e vem melhorando, aos poucos, os índices de isolamento social. O funcionamento da Policlínica, para realização de diagnósticos e atendimento dos casos menos graves, e a abertura do espaço da Assembleia de Deus, também, são sinais de esperança para a população. Porém, a situação está tão grave que há uma chance real de ser decretado o lockdown, com a paralisação total das atividades não essenciais – em especial na capital, Belém.

Um dos pontos que mais vêm ganhando as manchetes dos veículos de comunicação é a questão do sofrimento dos paraenses. Com o colapso do sistema de saúde, os hospitais estão superlotados, alguns já fecham as portas e as pessoas sofrem demais esperando diagnósticos, ou mesmo, a necessidade de internação. Soma-se a isso a questão da impossibilidade de se despedir dos entes queridos que morrem, pelas restrições que há nas aglomerações, além da grande dificuldade de identificação de pacientes que estão em espaços públicos mais ampliados, como no Hangar. Há, ainda, o agravante das pessoas que morrem em casa – com grande dificuldade da remoção desses corpos, em todos os níveis.

Outro ponto de sofrimento está no contexto da separação física em datas festivas. Houve o domingo de Páscoa e haverá o Dia das Mães e, em muitos casos, tais comemorações ocorreram e ocorrerão a distância, com os recursos tecnológicos. A incerteza diante de quando e como acabará a pandemia causa muitos descompassos na vida das pessoas. Para os católicos, ainda há a grande interrogação em relação à sua principal celebração, o Círio de Nazaré, no segundo domingo de outubro. O cenário de dúvidas vem permeando a vida dos cidadãos do estado.

Assim, diante do caos e de tanto sofrimento, resta ao paraense trabalhar em duas “frentes” de batalha: acreditar na ciência e seguir as recomendações governamentais e das autoridades da saúde, ressaltando a importância do trabalho incansável dos profissionais da saúde; e, como diria São Paulo, “conservar a fé” em que tudo irá melhorar nos próximos meses, independentemente de sua crença religiosa. A fé raciocinada, junto à ciência, são dois instrumentos fundamentais para gerar a esperança em dias melhores na pós-pandemia.

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