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'Nova' comunicação para políticos e políticas? Estratégias e antídotos

Rodolfo Marques

Com o uso cada vez mais intenso das mídias e das redes sociais no âmbito político, as diferentes formas de produção e de distribuição de conteúdos audiovisuais vêm sofrendo modificações e causando impactos. 

Em alguns núcleos parlamentares mais alinhados à direita e à extrema-direita, um recurso muito utilizado é a produção de vídeos com perguntas para desgastar algum integrante do governo federal e a consequente publicização de cortes dos mesmos conteúdos, por vezes de maneira descontextualizada, nas plataformas digitais. Já observamos tais ações com senadores como Eduardo Girão (Novo-CE) e Marcos do Val (Podemos-ES) e deputados federais como André Fernandes (PL-CE), Kim Kataguiri (União Brasil-SP), Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e Nikolas Ferreira (PL-MG), buscando frases de efeito e, por vezes, falando coisas que não se conectam com os fatos.

Alguns parlamentares bolsonaristas, inclusive, foram punidos, recentemente, pelo Tribunal Superior eleitoral, pela propagação de notícias falsas

Um dos mecanismos utilizados pelo governo, nos campos da comunicação e da política, como uma espécie de “antídoto”, é a presença de ministros de Estado em Comissões da Câmara e do Senado. Nesse sentido, têm ganhado destaque as participações dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), e dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. 

As participações de Flávio Dino, inclusive, têm desmoralizado alguns opositores. Utilizando várias analogias, pautando-se em fatos e em leis e fazendo uso de ironias constantemente, Dino vem desacreditando e desmoralizando os parlamentares que buscam visibilidade em suas redes com frases de efeito ou com “pegadinhas”. O ministro da Justiça e Segurança Pública acabou gerando muitos memes, outra ferramenta cada vez mais presente na comunicação política. Em um exemplo desse processo, Flávio Dino, instado por Deltan Dallagnol, afirmou que o deputado possuía uma maneira muito singular de compreender as coisas e que acreditava no que havia acabado de dizer, sem dados concretos. 

Por óbvio, faz parte do processo democrático um ministro de Estado se fazer presente nas arenas públicas quando for convidado e/ou convocado. Mas, em um debate democrático de ideias, é importante que as partes envolvidas se preocupem, prioritariamente, com a transparência dos fatos e dados e com a prioridade à pauta da sociedade. 

Assim, batalhar votos do eleitor faz parte da estratégia eleitoral, e as ferramentas de comunicação política inserem-se nesse processo. Os espaços das sessões legislativas, amplificados pelas mídias e pelas redes sociais, a partir dos cortes de vídeos, acabam tendo mais aderência ao público do que propriamente os meios tradicionais ou o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE). 

Todavia, todos os espaços precisam ser usados com responsabilidade, até porque se trata de mandatos públicos e o eleitor(a) tem o direito e o dever de buscar uma relação mais horizontal e positiva com os(as) seus(suas) representantes.

Rodolfo Marques