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Lula lidera o cenário pré-eleitoral, mas Bolsonaro mantém estabilidade e continua competitivo

Rodolfo Marques

O primeiro mês do ano eleitoral se encerra e o quadro das pesquisas indica uma manutenção de tendências no pleito presidencial, com favoritismo do ex-presidente Lula – e possibilidades de vitória ainda no primeiro turno – e com um eventual segundo turno entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).

O levantamento XP-IPespe divulgou que o pré-candidato petista tem 44% das intenções de voto, contra 24% de Bolsonaro, 8% de Ciro Gomes (PDT) e Sérgio Moro (Podemos) e 2% para o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB). Lula venceria todos seus possíveis adversários em segundo turno, com grande margem de vantagem (https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/01/28/lula-mantem-lideranca-isolada-e-estavel-informa-pesquisa-ipespe.ghtml). O levantamento foi realizado nos dias 24 e 25 de janeiro, com 1.000 entrevistados, por telefone, e margem de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. 

Além de confirmar a liderança folgada – mas longe de ser definitiva –, de Lula, os dados demonstram a estabilidade de Jair Bolsonaro em relação a intenções de voto, a despeito da crise sistêmica e pelo enfrentamento desastroso da pandemia pelo governo federal. Dessa forma, o atual presidente continua vivo em sua busca pela reeleição e é possível apontar pelo menos três motivos que podem reforçar as chances de Bolsonaro de reverter o cenário – hoje, favorável ao pré-candidato petista. 

O primeiro aspecto a ser levantado é a possibilidade de uma pequena – mas real – melhora da situação econômica do Brasil. A cotação do dólar oscilando para baixo, o crescimento de perspectiva nas bolsas de valores e o patamar baixíssimo alcançado pelo Brasil em 2021 podem gerar uma esperança de diminuição da carestia e a sensação de alguma recuperação econômica. Índices como o Produto Interno Bruto (PIB) continuam extremamente preocupantes, mas o governo federal, através do ministro da Economia, Paulo Guedes, aposta em algum incremento a partir do agronegócio e mesmo dos programas de transferência de renda.

Outro fato que pode aumentar a competitividade de Bolsonaro nas eleições 2022 é a questão da estrutura que ele terá a seu favor, tanto em relação ao tempo de propaganda eleitoral, quanto em relação à visibilidade na mídia, pelo fato de ser presidente e de dispor da máquina pública e de um mandato. O filho “02” do presidente, Carlos Bolsonaro, deve novamente comandar as estratégias de comunicação política, só que em um ambiente com muito mais recursos financeiras, um partido mais robusto como o PL e uma provável mescla dos tradicionais com as mídias e redes sociais. Ao mesmo tempo, caberá à campanha de Bolsonaro um grau maior de atenção em relação à divulgação das notícias falsas, visto que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estará fiscalizando.

Por fim, identifica-se a possibilidade do recrudescer do antipetismo, algo que foi determinante nas eleições 2018. Lula tem tido várias vitórias no âmbito jurídico e tem procurado ampliar seu arco de alianças. Os aliados do presidente Bolsonaro se movimentam para ampliar os ataques ao ex-presidente e aos governos petistas entre 2003 e 2016, usando principalmente a bandeira da “anticorrupção”. 

Assim, embora o núcleo mais próximo de Bolsonaro já tenha alguns caminhos para reverter a imagem negativa do presidente e de seu governo, toda e qualquer estratégia eleitoral dependerá da conjuntura econômica e da força da oposição, no âmbito externo e, no contexto interno, do controle dos desacertos da gestão e das próprias falas públicas do presidente, que costuma “escorregar” em suas manifestações.

Rodolfo Marques