RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Guerra no Oriente Médio: violência, narrativas e a posição do governo brasileiro

Rodolfo Marques

A crise mais recente no Oriente Médio, iniciada no último dia 07 de outubro, tem causado pânico em todos os níveis. O grupo extremista islâmico Hamas realizou um bombardeio em Israel, em um ataque-surpresa. O governo israelense iniciou contraofensiva logo depois, em áreas prioritariamente ocupadas por palestinos, como a Faixa de Gaza. Infelizmente, os números de mortos, presos e pessoas feitas reféns somente crescem e causam apreensão e tristeza em boa parte do mundo.

O Hamas – ou “Movimento de Resistência Islâmica” – é palestino e tem três “braços” mais conhecidos: o filantrópico, o político e o armado. Surgiu no final dos anos 1980, quando da 1ª Intifada, uma das principais ações palestinas contra a ocupação de Israel. Na reação israelense, o foco é atingir as principais lideranças no Hamas, mas tem ocorrido muitas baixas civis.

O atual conflito remonta a várias crises ocorridas no século XX, tendo alguns marcos cronológicos na queda do Império Otomano, entre 1908 e 1920, e a criação do Estado de Israel, em 1948. Sempre houve a discussão, no âmbito da política global, sobre a necessidade do reconhecimento de coexistência de Israel e de um Estado Palestino – esta nunca chegou a ser oficializado.

Como toda guerra, há também dois pontos que precisam ser considerados: o conflito de narrativas e a cobertura da imprensa internacional. 

Uma frase atribuída ao senador norte-americano Hiram Johnson (1866-1945) dizia que, em uma guerra, a primeira vítima é a verdade – para além da violência física, existe o viés ideológico. Neste sentido, emergem as narrativas, atualmente muito amplificadas pelas mídias sociais e pelas redes sociais – ao mesmo tempo em que a desinformação acaba sendo uma “arma” para reforçar narrativas, com interesses difusos. A extrema-direita brasileira, por exemplo, vem procurando se apropriar das narrativas, em táticas já conhecidas entre os especialistas de plataformas digitais.

No caso da cobertura da mídia ao redor do mundo, existem as perspectivas editoriais, mas também emerge o próprio alinhamento a uma das partes. Há, pois, um direcionamento nos discursos de acordo com a visão de mundo dos proprietários dos veículos, muitas vezes em consonância com os governantes dos respectivos países. Há uma linha muito tênue entre fatos e opiniões, e os consumidores de conteúdos e de informações precisam estar bem atentos ao chega até si.

Nesse contexto, o governo brasileiro vem procurando uma posição focada em dois quesitos fundamentais. O primeiro deles é uma equidistância entre as partes em conflito. Nesse mês de outubro, na rotatividade da presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o Brasil está à frente. Tanto o presidente do país, Lula (PT-SP), quanto o chefe do Itamaraty, diplomata Mauro Vieira, vêm procurando ponderar no sentido da formação de corredores humanitários, para a preservação de vidas e para busca de acordos de cessar-fogo entre Israel e Hamas.

O outro foco do governo brasileiro é na repatriação de brasileiros que se encontram nas áreas do conflito. Até este sábado, 14, o governo nacional já havia conseguido o resgate de mais de 700 brasileiros. Essas ações são feitas sob coordenação dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, em aviões da Força Aérea Brasileira, e sem quaisquer ônus para os brasileiros e brasileiras que estão sendo repatriados. A ação do governo Lula se mostra muito acerta e reforça a posição de estadista do atual chefe do executivo federal.

Assim, em um conflito já com muitas vítimas com impactos geopolíticos imprevisíveis, todo e qualquer movimento que priorize o diálogo e o estabelecimento de diretrizes de paz é bem-vindo. E é essencial que o acompanhamento da guerra procure muito mais os consensos do que os dissensos, mesmo que tal cenário pareça pouco palpável em momentos como os que vivemos atualmente.

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