RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Estados buscam alternativas para enfrentar a pandemia, enquanto Brasil chega a quase 110 mil mortes

Rodolfo Marques

Em mais uma semana em que o Brasil continua atingindo tristes marcas em relação à covid-19 (mais de 3 milhões e 300 mil casos e quase 108 mil mortes, até 17 de agosto de 2020), o debate volta a ser direcionado sobre as responsabilidades pelo enfrentamento (devido ou não) da crise.

Em pesquisa Datafolha divulgada em 13 de agosto, 47% não atribuem nenhuma culpa/responsabilidade a Jair Bolsonaro pela expansão da pandemia no Brasil. No mesmo levantamento, 41% entendem que o presidente da República é um dos culpados e apenas 11% o identificam como o principal responsável pelas contaminações e mortes.

Esses dados, entre outras inflexões, podem causar importantes percepções. Uma delas é a percepção de que “deu certo” o discurso de Jair Bolsonaro em culpabilizar governadores e prefeitos em relação às medidas de isolamento social como combate à doença. O distanciamento social e/ou o lockdown mostraram-se os únicos mecanismos cientificamente comprovados em diminuir o ritmo de contaminação pela covid-19 e, consequentemente, evitar o colapso dos sistemas de saúde das unidades federativas. Se não houvesse essas medidas, o cenário seria, provavelmente bem pior. O discurso do presidente priorizando a pauta econômica e falando em isolamento vertical acabou por confundir boa parte da população brasileira.

Uma segunda questão que pode ser comentada é a respeito do auxílio emergencial de R$ 600 para pessoas carentes e/ou desempregadas. A despeito do fato de a ação ter sido protagonizada pelo Congresso Nacional, a percepção de muitas pessoas – identificadas na pesquisa – é de que foi o governo federal, por ser ordenador de recursos, teria viabilizado essa ajuda. Essa leitura indica um aspecto a mais no reforço à popularidade do presidente, em especial entre os mais pobres, além de mitigar parte da responsabilidade de Bolsonaro na condução da crise.

E a terceira questão que também reside no discurso do presidente é a respeito do uso da hidroxicloroquina. Bolsonaro continua defendendo a eficácia do medicamento no tratamento da covid-19 – mesmo sem quaisquer comprovações científicas. Ele usa como ilustração o seu próprio caso e difunde a ideia de que um uso precoce da substância poderá ter diminuído os números de casos graves e mortes.

No âmbito regional, há estabilidade em parte do país, crescimento de casos no Amazonas, por exemplo, e queda em outras unidades federativas. No caso do Pará, há uma certa estabilidade, com números reduzidos de casos e de óbitos. Com quase 180 mil casos – e aproximadamente 6 mil mortes – o estado viveu o seu pior período entre a segunda quinzena de maio e a primeira quinzena de junho. De qualquer forma, é necessário que sejam mantidos os cuidados nessa reabertura quase total das atividades econômicas. Aglomerações sem os devidos cuidados, em vários locais da região metropolitana de Belém, causam grande preocupação na sociedade, principalmente entre aqueles que já perderam amigos ou parentes pela covid-19.

Em um cenário em que o país parece “naturalizar” a convivência com a doença, seria importante que o governo federal pudesse retomar pontes de diálogo com os estados e municípios para reorganizar uma retomada econômica e permitir que investimentos pudessem ser feitos para gerar empregos e para manter os cuidados para evitar novas contaminações e o prolongamento dessa “primeira onda” da pandemia. Todavia, os movimentos políticos do Planalto não trazem indicativos de que isso irá ocorrer nos próximos meses.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Rodolfo Marques
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES