Pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais, divulgadas na última semana de maio, realizadas pelos Institutos Datafolha e Ipespe, mostram uma acentuação da polarização nas candidaturas do ex-presidente Lula (PT) e do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição.
Para além disso, os dados revelam um incremento de chances de vitória do pré-candidato petista ainda no primeiro turno. Por óbvio, é preciso trabalhar com algumas hipóteses que consolidaram esse favoritismo de Lula e considerar que há pouco mais de 4 meses para a realização do pleito – e toda uma intensa campanha eleitoral a ocorrer nesse período. O Datafolha mostrou 48% de intenções de voto para o ex-presidente, com 27% de Bolsonaro, no primeiro turno, enquanto que o Ipespe identificou 11 pontos percentuais de vantagem a Lula (45% a 34%).
Algumas hipóteses podem ser apresentadas para a consolidação e/ou ampliação das intenções de voto em Lula – e estão relacionadas aos seguintes fatores:
a) uma melhor calibração da estratégia de comunicação da campanha do petista;
b) um diálogo melhor com o eleitorado conservador de São Paulo, com a parceria de Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice na chapa com o ex-presidente;
c) a crise econômica brasileira, fomentada por ações equivocadas do governo federal e que tende a aumentar a já muito alta rejeição a Jair Bolsonaro e;
d) o provável fracasso da autointitulada terceira via.
Lula vem fortalecendo sua comunicação nas plataformas digitais e evitando maiores radicalizações, em direção oposta ao que vem fazendo o candidato à reeleição. Alguns dados das pesquisas do final de maio evidenciam um avanço de Lula junto ao público evangélico e, geograficamente, na região Sul do Brasil. A presença de Geraldo Alckmin pode ser um fator relevante nesse contexto.
Ao mesmo tempo, a condução equivocada de Paulo Guedes na economia brasileira vem trazendo à tona problemas como a inflação, o crescimento do desemprego e o espraiar da fome no país, amplificados, sem dúvida, também, pela pandemia e pela maneira com a qual o Brasil lidou com a crise. No campo da “terceira via”, o ex-governador de São Paulo, João Dória Júnior, renunciou ao direito de concorrer à presidência pelo PSDB, após se sentir “abandonado” pelo seu partido; Simone Tebet busca apoios via MDB; e Ciro Gomes (PDT) continua “patinando” nas pesquisas, como momentos controversos como o “debate” com o humorista Gregório Duvivier.
Assim, com boa parte dos eleitores brasileiros já decididos em suas escolhas eleitorais, as campanhas abordarão várias questões para buscar os votos dos indecisos e indicar se a eleição seguirá para o segundo turno, entre Lula e Bolsonaro, com maior ou menor grau de acirramento.