As campanhas eleitorais de 2022, por mais curtas (apenas 45 dias antes do primeiro turno, em 02 de outubro), com modificações contínuas em relação ao financiamento comparativamente aos anos anteriores e com o reforço das estratégias nas plataformas digitais, trazem, em si, enormes desafios, principalmente nas 27 unidades federativas do Brasil.
Despertar o interesse do(a) eleitor(a), incentivá-lo(la) a votar e mostrar elementos que possam direcionar suas escolhas estão na “cartilha” de todas as candidaturas, principalmente as majoritárias. Manter apoio político-partidário e ter bons palanques eleitorais nos municípios também são caminhos importantes para atingir o sucesso no pleito.
No caso do Pará, que tem o maior eleitorado da região Norte, o atual governador e candidato à reeleição, Helder Barbalho (MDB), buscou trabalhar com essas premissas desde o primeiro mês de sua gestão, em janeiro de 2019. Helder montou um amplo arco de alianças políticas, com apoio de cerca de 120 dos 144 prefeitos e com uma base sólida entre os 41 deputados da Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA).
Na campanha de 2018, os estrategistas do MDB trabalharam com a imagem de um governador que estaria “presente” em todo o Pará – e que “cuidaria” da população. Muito bem integrado com as mídias e redes sociais, Helder exibiu o passo a passo de suas ações, inclusive em pautas relevantes como a defesa da Amazônia e o enfrentamento da pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021. Para 2022, o mote é “Helder novamente”.
Nestas eleições, o principal adversário de Helder é o senador Zequinha Marinho (PL). Ele possui importantes apoios junto a parcelas dos(das) eleitores(as) evangélicos(as) e em regiões como o sul e o sudeste do Pará. Todavia, o que se observa na mídia e nas cidades do Pará é uma grande supremacia da candidatura emedebista, que pode consolidar a vitória ainda em primeiro turno.
Tal cenário se observou na pesquisa IPEC, que entrevistou 800 pessoas (registro PA-04424/2022 no Tribunal Regional Eleitoral do Pará), em 38 municípios paraenses, entre os dias 30 de agosto e 1° de setembro – e foi divulgada em 03 de setembro: pelos dados, Helder tem 65% das intenções de voto, contra 13% de Marinho e 7% de outros candidatos, além de 16% entre brancos, nulos e indecisos.
Considerando a questão da eleição presidencial no Pará e um possível de grau de interferência, há clareza apenas dos apoios de Helder à candidatura do ex-presidente Lula (PT) e de Marinho ao atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Helder, aliás, também está ao lado da candidata se sua agremiação partidária – a senadora Simone Tebet (MDB). Nos números do IPEC, aliás, Lula tem cerca de 10 pontos percentuais em relação a Bolsonaro, em um estado em que, historicamente, o PT vence nas eleições presidenciais, com variações apenas nos percentuais de votos.
Assim, com tantas peculiaridades e com seu imenso grau de importância, as eleições para os governos estaduais de 2022 poderão ser lembradas, no futuro, como as que amplificaram a necessidade de manter uma comunicação permanente com o(a) cidadão(a)-eleitor(a) e a percepção cada vez mais imediata das principais demandas da sociedade.