No Brasil contemporâneo, uma das grandes questões que se impõem neste novo ciclo político reside, primordialmente, na manutenção dos valores democráticos, tanto no campo teórico quanto no aspecto prático.
Desde o processo de redemocratização, em 1985, após 21 anos de governos autoritários no país (1964-1985), passando pelas eleições diretas para a Presidência da República a partir de 1989 e por dois processos de impeachment (1992, de Fernando Collor; e 2016, de Dilma Rousseff), há vários debates a respeito do amadurecimento das instituições no Brasil, assim como sobre o funcionamento das relações de poder.
Os movimentos populares de junho de 2013, as manifestações de 2015 contra o Governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e, em especial, o pleito eleitoral de 2018, com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República, são capítulos importantes sobre a discussão que se trava hoje a respeito dos modelos democráticos.
Considerando-se a democracia e a vivência dela no dia-a-dia, é preciso observar que o desenho institucional, com o bom funcionamento dessas instituições, é fundamental para viabilizar a participação popular de uma forma mais intensa e efetiva, da mesma maneira que os anseios da sociedade precisam ser atendidos pelos seus representantes.
Em relação ao amadurecimento das instituições, os últimos pleitos eleitorais e as ações dos Poderes vêm indicando de que a soberania popular deve ser sempre respeitada – e a liberdade de expressão vem sendo mantida, na medida do possível. O crescimento da difusão de informações – e contrainformações – pelas mídias e redes sociais são dados representativos desse processo.
O funcionamento das relações de poder também tem como fator inerente o sistema de check and balances – freios e contrapesos –, essencial para o equilíbrio dos poderes de uma República como a do Brasil. O país vivencia, pois, o cenário da chamada democracia representativa, em que os cidadãos escolhem seus governantes a partir de processos eleitorais. Ressalta-se que o processo de cidadania tem como aspecto fundamental a informação, elemento importante para a construção do conhecimento. E as escolhas populares são sempre pautadas por motivos diversos.
Portanto, o grande desafio do Brasil, hoje, está exatamente em passar por mais esse grande teste da sua própria democracia, considerando-se o projeto que venceu o pleito eleitoral em 2018, as diferenças de pensamento, as oposições políticas e as apartidárias e a busca por melhorias coletivas em detrimento das preferências individuais e/ou ganhos específicos de alguns grupos sociais.