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Brasil 'supera' marcas de 500 mil contaminações e 30 mil mortes com Covid-19 e estados pedem socorro

Rodolfo Marques

O Brasil se tornou o epicentro mundial da Covid-19, após os ciclos mais dramáticos na Europa (Reino Unido, Itália, Espanha e França) e Estados Unidos – estes continuam registrando muitos casos. Aliás, alguns países da América Latina vêm enfrentando graves problemas em relação à expansão da pandemia. Equador, Peru, Bolívia e até mesmo o Chile vêm apresentando um cenário cada vez mais preocupante. Argentina, Uruguai e Paraguai, que se anteciparam às medidas e foram mais rigorosos no controle da expansão da doença, colhem resultados melhores e mais promissores.

Com o desenvolvimento desigual da pandemia – considerando-se a geografia do Brasil –, os números tendem a ser ainda mais dramáticos nas próximas semanas, em especial em algumas regiões. Neste início da primeira semana do mês de junho, o país já apresenta mais de 32 mil óbitos, com a curva ascendente em vários estados.

Apesar desses números, alguns estados e municípios vêm retomando, gradualmente, a rotina em determinadas atividades comerciais. Todavia, enfrentam o cenário da crise econômica derivada da pandemia, “aliada” ao medo de parcelas significativas da população em voltar a circular nos espaços públicos. Os países que precipitaram o retorno às atividades acabaram enfrentando não só uma segunda onda de contaminações, mas também todos os problemas derivados desse movimento.

Outro ponto que precisa ser ressaltado nessa discussão é a posição dos estados em relação ao repasse de recursos e nas relações com os poderes Legislativo e Judiciário. As unidades federativas vêm enfrentando muitas dificuldades para a manutenção de suas despesas correntes, não só pela diminuição da arrecadação tributária, mas com o próprio aumento da dívida pública – nem todos os estados conseguem administrar esse processo de maneira adequada. Os governadores dependem muito dos recursos da União – mesmo com o cenário de conflito deflagrado pelo presidente da República desde o início da pandemia.

Dessa forma, com a ausência de um pacto nacional em prol do combate à Covid-19 – e envolto em uma instabilidade política cujo principal (e equivocado) foco está nas eleições 2022 –, o Brasil entra no seu quarto mês de crise sistêmica, sem maiores perspectivas de recuperação a curto e médios prazos.

As medidas de distanciamento social ainda são as mais eficazes para o lidar com a crise e, em paralelo, cabe ao poder executivo federal prover as políticas públicas para propor a recuperação integrada.

A esperança permanece, embora os fatos políticos e o cenário indiquem o contrário.

Rodolfo Marques