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Bolsonaro mantém atritos com instituições e atores públicos como estratégia de comunicação política

Rodolfo Marques

O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL-RJ), vem mantendo uma estratégia de comunicação política que combina o fortalecimento da sua base aliada, o uso constante das plataformas digitais e a manutenção de conflitos com instituições e com atores públicos.

Em desvantagem em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas no Brasil neste ano de 2022, Bolsonaro tem sido fiel ao seu plano de campanha eleitoral permanente, algo presente desde que assumiu a presidência, em janeiro de 2019. Todavia, ressalte-se que, enquanto candidato em 2018 e em mandatos parlamentares outrora ocupados, o hoje incumbente do Planalto se mostrava contrário ao instituto da reeleição.


Dentro de seus núcleos mais próximos, Bolsonaro mantém um discurso que combina palavras como “Deus”, “Pátria” e “Família” e estimula os seus apoiadores a se manifestarem em todas as searas possíveis. A retórica bolsonarista emerge de forma muito evidente em determinados grupos, como parte dos evangélicos, dos defensores da ideologia conservadora e de parcelas significativas de militares e de empresários ligados ao agronegócio. E, nesse sentido, Bolsonaro permanece, de forma intacta, com pelo menos 25% de apoio da sociedade brasileira.

Ao memo tempo, Jair Bolsonaro continua muito ativo nas plataformas digitais, com suas lives semanais às quintas-feiras, com sua intensa participação no Twitter e com suas postagens em diversos grupos do Telegram, por exemplo. Em paralelo, o seu filho “02”, o vereador pela cidade do Rio de Janeiro-RJ, Carlos Bolsonaro (Republicanos), usa todas as principais ferramentas de engajamento para manter aguerrida a base de apoiadores, com o foco voltado, por óbvio, para as eleições de outubro.

Por fim, o candidato à reeleição prossegue apostando nos atritos e nos conflitos com algumas instituições, como o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e a Petrobras – esta, uma sociedade de economia mista, em que o Estado brasileiro é o principal acionista. Não faltam brigas públicas com o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Não são economizados ataques às urnas eletrônicas. E são constantes as críticas desferidas à gestão da Petrobras, em especial a respeito dos preços dos combustíveis e aos lucros da empresa

É uma estratégia de terceirização de responsabilidades, no estilo “eu tentei, mas não deixaram”. É uma premissa que pode convencer, ainda, muitos eleitores. Bolsonaro vem “queimando seus cartuchos” nesse período pré-campanha.

Destarte, nesse contexto, é essencial que prossigam as observações sobre os movimentos políticos de Jair Bolsonaro, não somente para mensurar a eficácia de suas estratégias de comunicação política e de convencimento de eleitores, mas para sempre lembrar as questões prioritárias de enfrentamento aos problemas socioeconômicos brasileiros – estes, cada vez mais volumosos e presentes.

Rodolfo Marques