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7 de setembro marca a Independência do Brasil. Em 2021, pode registrar o aprofundamento da crise

Rodolfo Marques

O dia 07 de setembro de 2021 marca a comemoração dos 199 anos da Proclamação da Independência do Brasil. Em tempos de pandemia, de crise econômica e de instabilidade política, a data deverá marcar outros movimentos, bem distintos do contexto de celebração.

Estão agendadas em várias cidades brasileiras – inclusive Belém-PA –, manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ). Tais movimentações têm como objetivo principal demonstrar a força do governo federal e do próprio Bolsonaro, em especial no contexto dos atritos recentes do presidente com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o Tribunal Superior Eleitoral e com adversários políticos. Está programada uma grande mobilização a favor de Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, além de esperado discurso do presidente. Antes disso, o presidente deve participar da manifestação na Esplanada dos Ministérios. As manifestações, por si só, são legítimas – mas há de se observar o contexto democrático, acima de tudo, além do bom funcionamento institucional.

No início de setembro, Jair Bolsonaro ressaltou que as manifestações de seus apoiadores no dia 7 de setembro serão uma espécie de “ultimato” para dois ministros do STF e que, se alguém ou alguma instituição “jogarem fora” do que seriam as “quatro linhas da Constituição, ele poderia fazer o mesmo. Um de suas ameaças foi feita em discurso para apoiadores em cerimônia na cidade de Tanhaçu, na Bahia, quando da assinatura de um contrato de concessão para obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste.

Tais movimentos mais radicais de Bolsonaro estão ligados a três eixos: o avanço da CPI da Pandemia no Senado, evidenciando os principais erros do governo federal no enfrentamento da pandemia de Covid-19, inclusive com a identificação de possíveis corrupções no processo de aquisição de vacinas; o crescimento do ex-presidente Lula (PT-SP) nas sondagens eleitorais para o pleito de 2022 – Bolsonaro já vem antecipando a disputa desde 2020, pelo menos; e o avanço de investigações sobre familiares do presidente. Algumas mobilizações contra o presidente também estão previstas, para os dias 07 e 12 de setembro, articuladas por grupos oposicionistas ao Planalto.

Respeito às instituições, equilíbrio entre os poderes da República, observação do pacto federativo e enfrentamento efetivo da pandemia: tais bastiões poderiam – e deveriam – ser caminhos de celebração neste 07 de setembro, embora, atualmente, estejam muito distantes da realidade. Vejamos com atenção o que acontece no Brasil em sua principal data pátria.

Rodolfo Marques